Tradicional Marcha Nico Lopes agitou sábado em Viçosa
A já quase nonagenária Marcha Nico Lopes, realizada anualmente por estudantes da Universidade Federal de Viçosa, veio neste ano com o tema “Se o momento é de luta o futuro nos pertence!” Aconteceu entre os últimos dias 13 a 18, com várias atividades voltadas para os estudantes e moradores da cidade.
Durante toda a semana, os estudantes promoveram momentos de troca e aprendizado, com uma programação diversificada de atividades desde oficina de capoeira a grupos de debate sobre visibilidade LGBT. Dentro da programação, o Festival de Arte e Cultura, antigo Festival de Bandas começou na terça-feira, 14, e teve sua final na quinta- feira, 16.
Já a vinda da Marcha à cidade ocorreu no último dia 18, sábado.
A primeira edição da Nico Lopes foi realizada em 1929, por alunos da recém-criada Escola Superior de Agricultura e Veterinária (Esav, depois Uremg e hoje UFV,). Naquela época a Escola contava com apenas 50 alunos e, segundo registros históricos do evento, foi um deles, Antônio Secundino de São José, juntamente com alguns amigos, quem criou a marcha. O nome da manifestação foi escolhido em homenagem a Antônio Lopes Sobrinho, o Nico Lopes, figura folclórica de Viçosa que conquistou a simpatia dos estudantes.
Na realização desse ano, a Marcha teve início com concentração às 13 horas em frente ao DCE Piscina, campus da UFV. Por volta das 17 horas o “cortejo”, seguindo um carro de som, cruzou as Quatro Pilastras em direção à cidade, finalizando o desfile na praça Hervé Cordovil (Estação Cultural Hervê Cordovil). Foi mantida a tradição do discurso no papel higiênico.
A Marcha Nico Lopes é organizada pelo Diretório Central dos Estudantes e conta com o apoio das pró-reitorias de Extensão e Cultura e Assuntos Comunitários da UFV e da Prefeitura Municipal de Viçosa, por meio da secretarias municipais de Cultura, Fazenda (Departamento de Fiscalização) e Saae.
História
No início, a Marcha Nico Lopes era uma verdadeira festa em que os calouros se fantasiavam e saíam às ruas para fazer críticas irreverentes à universidade, à comunidade e à política regional e nacional. Com o fim da Marcha terminava o período de trote e os calouros passavam a ser tratados como veteranos.
Ao longo de 80 anos, a Nico Lopes participou da história de Viçosa, da Universidade – desde os tempos de ESAV até os dias de Universidade Federal de Viçosa (UFV). Aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais eram abordados desde o âmbito local, até o nacional.
De seu surgimento aos dias de hoje, a Marcha passou por muitas mudanças. Em 1951 estudantes do sexo feminino começaram a participar da manifestação. Durante os anos de chumbo, a Nico Lopes foi proibida pelo regime militar. Em 1979, estudantes que protestavam contra a posse do presidente João Batista Figueiredo entraram em confronto com um batalhão do Exército. A partir de 1992, a Marcha passou a contar com um trio elétrico, que de 1995 a 1997, foi substituído por atividades artísticas e culturais.
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