Com apoio de amigos, ex-aluno da UFV que teve pernas amputadas consegue seu primeiro par de próteses
Vítima de meningococcemia, uma infecção bacteriana rara que pode levar à morte por septicemia ( infecção generalizada grave que se espalha por todo o corpo), o estudante Felipe de Oliveira Lima da Silva, 26, ex-aluno da Universidade Federal de Viçosa (UFV) sofreu amputação de parte das duas pernas (logo abaixo dos joelhos) e das falanges dos dedos médio e anelar da mão esquerda.
A situação vivida pelo estudante comoveu amigos e colegas, que se juntaram a seus familiares numa campanha para arrecadar doações de recursos financeiros para que Felipe, em tempo relativamente curto, pudesse receber as primeiras próteses e iniciar a adaptação para voltar a caminhar.
Na quinta-feira, 14, Felipe contou ao jornal Folha da Mata que usava a prótese pela terceira vez e estava tentando se adaptar. A prótese adquirida é da marca ottobok, modelo triton, tem pés em fibra de carbono, lâmina bipartida. Felipe disse que os encaixes são provisórios para a fase de adaptação, pois segundo ele, o coto da perna ainda vai diminuir e somente quando completar esse processo natural é que será produzido o encaixe em fibra de carbono. Felipe disse também estar feliz e agradecido aos amigos de Viçosa que o ajudaram a adquirir as próteses, por meio de campanha de doações que começou em Viçosa. “Em Viçosa criei uma família. Sou privilegiado por ter pessoas tão especiais ao meu redor, principalmente meus familiares”, reconheceu. Segundo Felipe, a busca pela recuperação, após quase 7 meses de amputação, tem sido intensa, exigindo muito determinação, que ele encara como uma oportunidade para tentar alcançar o objetivo. Dando um exemplo dessa busca de superação, ele revelou que já faz parte de uma equipe de vôlei paralímpico em sua cidade, São José dos Campos. Determinado, o estudante disse que ainda pretende voltar para Viçosa, e concluir o curso de Agronomia na UFV, motivo de sua vinda para esta cidade.
A doença
Felipe nasceu em São José dos Campos e se mudou para Viçosa para cursar agronomia na UFV. Ele conta que após voltar de um evento de música na cidade, no dia 30 de agosto de 2015, sentiu dores nos pés e mãos e foi internado pouco tempo depois no Hospital São João Batista em Viçosa já com dores intensas, diarreia, vômitos e manchas roxas nos pés. "Assim que cheguei ao hospital, a médica de plantão já imaginou que podia ser meningococcemia. Fiquei isolado na UTI e começaram a me tratar com altas doses de antibiótico. Minha vida mudou em 24 horas. Um dia antes de sentir as dores eu estava bem, saindo com amigos, e agora não posso mais andar", disse ao relevar o drama vivido. O estudante tratou a doença em Viçosa por 20 dias e depois foi transferido para o Hospital das Clínicas em São Paulo. No dia 2 de outubro as pernas e dedos do jovem estavam necrosados e ele foi submetido a uma cirurgia de amputação. "De agosto até outubro vivi os piores dias da minha vida. Além das dores por causa da necrose, havia o fantasma da infecção generalizada. Sentia tanta dor e medo de morrer que já queria ser amputado logo. Era a chance que eu tinha de continuar vivo. Não sei como contraí a doença, e agora tenho que conviver com ela e com as marcas que deixou em meu corpo", finalizou.
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