Vinte anos sem Toninho Chequer
Na madrugada do dia 27 de junho de 1997, falecia Antônio Chequer. Considerado o maior líder político de Viçosa pós Arthur Bernardes, Toninho Chequer, como era chamado, ainda é lembrado, principalmente em períodos eleitorais.
Pela manhã, o corpo ficou exposto à visitação pública na Câmara Municipal, no Edifício Prefeito Raimundo Alves Torres, sede da antiga Prefeitura, onde, até então cumpria mais um mandato como Prefeito do Município.
Foi uma comoção geral, longa fila se formou no entorno da Praça do Rosário, com pessoas de todas as tendências na espera do último adeus a Antônio Chequer.
À tarde, o Santuário de Santa Rita de Cássia foi tomado por igual multidão, na Missa de corpo presente celebrada pelo Pároco Padre Carlos dos Reis Baêta Braga, amigo e cumpadre do falecido. Por toda a extensão da Rua Padre Serafim o cortejo fúnebre foi marcado por salva de tiros, foguetório e acompanhamento da Lira Santa Rita, executando a música de sua última campanha municipal “Tá na cabeça, tá no coração do povo”, de autoria da viçosense Ana Lúcia Gouveia.
Devido a multidão que acompanhava o féretro, foi armado um esquema de segurança no portão do cemitério para controlar a entrada de pessoas, já que o espaço do Dom Viçoso era insuficiente para tamanha aglomeração. De repente, uma senhora de trajes humildes, explodiu o grito contido na garganta: “Ele também é nosso pai!”. Foi a senha. Em poucos minutos, um verdadeiro dilúvio humano deu a volta pela Rua do Pintinho, onde o muro era mais baixo e invadiu o “campo santo”.
E Toninho Chequer foi enterrado assim como viveu: cercado pelas pessoas que realmente o amavam.
Bem, toda história de gente começa ao nascer. Toninho Chequer nasceu em dupla. Junto dele, também, chegou o irmão José Chequer, exatamente, no dia 26 de setembro de 1932. Naquele momento, o casal Fuad Chequer e Anita Muanis Chequer iniciava sua prole, em parte responsável por uma página preciosa da história de Viçosa. Depois viriam, Maria Halfa, Maria Helena (Leninha) e Elias. Assim mesmo, nessa ordem.
Foi aluno do Grupo Escolar “Coronel Antônio da Silva Bernardes”. O grupo da Praça. O CASB, dirão os mais novos. Apesar de garantir para os amigos que só tinha CPI, ou seja, Curso Primário Incompleto, ali concluiu o Curso Primário (hoje quarta série do Ensino Fundamental) e, foi além, até a segunda série do curso ginasial no Colégio de Viçosa, que hoje abriga o Centro Administrativo Municipal que leva o seu nome.
Depois, descobriu-se empresário, trabalhando na Fábrica de Calçados Halfa, da qual seu pai era proprietário. Daí não parou mais. Embrenhou-se pela construção civil. No ramo, aos poucos foi fazendo brotar vários bairros: Amoras, Clélia Bernardes, Santa Clara, Betânia, Vereda do Bosque, Ferroviária, União, Santo Antônio. E concluindo outros: Silvestre, João Braz, além da abertura das ruas Milton Bandeira e Doutor Raimundo Alves Torres.
Mas a menina dos olhos de Toninho Chequer nasceu em 15 de maio de 1979. Naquela data, uma Missa Campal celebrada pelo amigo e correligionário padre Antônio Mendes, marcou o lançamento da pedra fundamental do bairro Nova Viçosa. Dona Anita, a mãe, se fez presente, orgulhosa da ação do filho. A partir daquele momento, uma grande parcela da comunidade pobre de Viçosa ganhou o direito de viver com mais dignidade. Ali vendeu lotes a preços bem acessíveis para quem tinha alguns recursos e fez doação a pessoas mais necessitadas que, assim, puderam construir o humano sonho da casa própria.
Outra paixão do Toninho: as crianças. E elas o adoravam. Fazia muita festa para atender a turma. De todos circos e parques que chegavam à cidade, exigia como contra partidas ingressos para alunos da rede escolar do município e para todas as crianças carentes. Numa feita, chegou a trazer o grupo “Os Trapalhões” da TV Globo, completo, para uma apresentação na cidade. Alguns o achavam sósia do Renato Aragão.
Mas a preocupação maior daquele administrador era a educação da meninada e de outros mais. Os colégios Raul de Leoni e Madre Santa Face são algumas de suas construções. Depois pensou em fazer uma escola profissionalizante de 2° grau na antiga Divisão Educacional Agrícola Arthur Bernardes (Atual CENTEV), que chegou a funcionar naquele local.
Enquanto empresário, viu-se político. Exatamente aos 18 anos. Em 1950, foi eleito vereador. Passado algum tempo, foi suplente, mas tomou posse (20 de abril de 1965 a 31 de dezembro de 1969). Foi prefeito (1973/1976). Daí deu tempo no município: foi nomeado presidente da Loteria Mineira e eleito presidente da Associação Brasileira de Loterias (1983); suplente de deputado federal pelo Partido trabalhista Brasileiro (PTB); e diretor da Hidrominas (1987). Em 1989, reelegeu-se prefeito e repetiu a dose em 1996.
Querido pela família, sempre foi um pai exemplar. Prova disso é o orgulho que têm de seu nome os filhos Andréa, Débora, Fued, Jorge, Antônio e Ângelo. Era popular. Vivia cercado de amigos e correligionários. Antônio de Oliveira Mello, o conhecido Tonymello, não era eleitor de Toninho, mas foi autor de uma grande homenagem: o livro-memória “Um minuto de silêncio”.
Teve, em seu caminho, interesseiros e bajuladores. Na vida, às vezes, não há como evitá-los. Mas também foi cercado de pessoas sinceras que o admiravam e recebiam o carinho recíproco. Um deles, José Osvaldo Laia, o popular Roberto Carlos. Visto por Cervantes, Roberto Carlos seria o fiel escudeiro do cavaleiro andante Antônio Chequer.
Vinte anos são passados. Parece que foi ontem.
Francisco de Castro (Jeremias)
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