Greve dos estudantes não paralisa aulas na UFV
Estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV) decidiram, na última quinta-feira, 10, entrar em greve, por tempo indeterminado. A votação aconteceu em assembleia estudantil realizada no espaço Multiuso. Foram 864 votos favoráveis e 838 contrários. Durante a noite de quinta-feira, véspera do dia nacional de protestos, mobilizações e paralisações, parte dos alunos ocuparam dois pavilhões de aulas (PVA e PVB), onde acontecem aulas de diversos cursos. A ocupação terminou na noite de sexta-feira, 11. Por conta disso, as atividades cotidianas previstas para o dia não foram realizadas.
A UFV informou, no final da manhã da sexta-feira, 11, em comunicado divulgado em seu portal, na internet, que estava a par da ocupação e que já havia solicitado uma reunião com os estudantes, mas ainda de data e horário definidos.
A Comissão das Ocupações na UFV, que já foi responsável por manter o principal prédio administrativo do campus ocupado por 13 dias, entre 17 e 31 de outubro, divulgou uma nota na manhã de sexta explicando que a decisão pela nova ocupação foi tomada após tomarem conhecimento que os professores da instituição não iam aderir à mobilização nacional do setor de educação, com protestos e paralisações, que também estavam previstos para a sexta-feira, 11. “A proposta de ocupação surgiu e foi aprovada democraticamente, através de votação em reunião estudantil aberta. Nesta mesma reunião, foi deliberado que esse ato de ocupação seria apenas durante o dia nacional de paralisação, visto que o objetivo era garanti-la. Desse modo foram determinados os Pavilhões de Aulas como locais de ocupação porque foram interpretados como os principais ambientes da Universidade de concentração de atividades acadêmicas”, afirmou a Comissão, que ainda salientou “que a ocupação é um instrumento de luta durante o período em greve e que embora tenha sido pontual, isso não implica no fim da greve estudantil. Continuaremos em suspensão das atividades acadêmicas, buscando instrumentos necessários de ampliação e articulação com outros movimentos grevistas”, finalizaram.
Os docentes decidiram, em assembleia na quarta-feira, 9, que não entrariam em greve. Ao todo, foram 246 votos contra a deflagração do movimento, 137 a favor e 14 abstenções, de acordo com a Seção Sindical dos Docentes da UFV (Aspuv). Os professores, porém, mantiveram a mobilização da categoria contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que reduz gastos públicos por 20 anos e contra a reforma do ensino médio.
Na segunda-feira, 14, a UFV decretou recesso administrativo e não houve aulas na instituição.
Clima tenso no PVA ocupado
Na manhã de sexta, 11, durante a ocupação do Pavilhão de Aulas (PVA), houve confronto entre os estudantes grevistas e os contrários à greve. Na tentativa de entrar no pavilhão ocupado, alguns alunos, mais exaltados, chutaram a porta de vidro e bateram boca com os colegas que estavam dentro do prédio.
Com a chegada dos servidores, que também estão em greve, os ânimos ficaram mais acirrados porque as fileiras de quem estava a favor do movimento foram engrossadas.
Muita gente se aglomerou em frente ao Pavilhão de Aulas e até membros da direção superior, com o vice-reitor João Carlos Cardoso e a pró-reitora de Administração, Leiza Maria Granzinolli, marcaram presença. Na ocasião, o defensor Público Estadual, Glauco Rodrigues de Paula, também conversou com os estudantes sobre a ocupação.
Servidores: Assembleia Comunitária
Os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em greve contra o congelamento de investimentos públicos pelo Governo Federal, fizeram uma assembleia comunitária na manhã da última sexta-feira, 11, em frente à sede da Câmara Municipal de Viçosa. Alguns estudantes e professores também participaram.
A intenção foi a de sensibilizar os vereadores, legítimos representantes do povo, a unir forças para a tentativa de derrubada da PEC 55, a ser votada no Senado Federal, que entre outros pontos prevê o congelamento de investimentos em todos os setores públicos do governo.
Mais manifestações
Estudantes grevistas da Universidade Federal de Viçosa fizeram, na manhã de ontem, quarta-feira, 16, um “cadeiraço”. Sentados em cadeiras posicionadas na entrada principal da universidade, alguns com vendas nos olhos e outros com mordaças na boca, eles manifestavam contra os cortes na educação e na assistência estudantil e pediam pela suspensão do período letivo na instituição. O trânsito ficou parado nos dois sentidos durante uma hora, com alguns intervalos para a liberação do tráfego na via.
Cepe se reúne hoje
Hoje, quinta-feira, 17, membros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFV se reúnem com professores da Instituição para decidirem o posicionamento da universidade frente à solicitação da suspensão do período letivo feita pelo Movimento Estudantil.
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