Falta de remédios de alto custo prejudica doentes crônicos em Viçosa
Doentes crônicos que procuram a farmácia de medicamentos de alto custo da Prefeitura de Viçosa enfrentam a falta contínua de remédios para tratamento.
“A falta de medicação vem se agravando a cada dia que passa devido à falta de planejamento”, ressalta Alex Rodrigues Teixeira, filho do aposentado Cirilo Teixeira, de 56 anos, que há cinco anos faz tratamento específico e precisa, continuadamente, do remédio Cinacalcete de 30mg.
A reportagem do Folha da Mata se informou que diversos fatores influenciam na falta de medicamentos de alto custo em Viçosa. Entre eles estão a demora na tramitação de processos internos na Secretaria de Saúde, atraso na entrega dos remédios, falta de dinheiro, além da demora na tomada de decisões pelo governo local.
“Nós atendemos pacientes da cidade toda e esse é um dado importante. Há uma população carente que pressiona o tempo todo, o que agrava a situação. No entanto, isso não justifica a falta de planejamento de quem compra. A secretaria tem um mapa de doença das pessoas, como diabetes, lúpus, câncer, e consegue fazer a projeção da necessidade local”, destacou um funcionário que pediu a omissão do seu nome por temer represálias.
De acordo com a coordenadora da Farmácia Municipal, Emile de Oliveira, o problema está no atraso da entrega pelo fornecedor em 90% dos casos de falta de medicamentos. “Não há falha no planejamento. Os contratos são feitos com cerca de um ano de antecedência. Muitas vezes é o próprio mercado que provoca o desabastecimento ou por uma produção deficiente e até mesmo quando o fabricante não tem a matéria-prima do remédio”, assegura.
Atualmente, a Farmácia de Medicamentos Excepcionais atende a um número expressivo de pacientes. Em geral, os remédios são destinados ao tratamento de doenças crônicas e têm indicação de uso contínuo.
Cirilo Teixeira é um dos prejudicados com a falta de remédios. Ele sofre de hiperparatireoidismo - excesso do hormônio paratormônio, responsável pelo equilíbrio do cálcio, vitamina D e fósforo presentes no sangue e nos tecidos que precisam desses nutrientes, como os ossos, por exemplo – e além de se tratar há mais de cinco anos desse problema é também paciente renal crônico há 23 anos. Ele necessita do medicamento para a sua sobrevivência. Cada caixa com 30 comprimidos de Cinacalcete de 30mg custa 700 reais e ele gasta três caixas por mês. A família conseguiu na justiça o direito de receber, gratuitamente, o remédio, mas de acordo com os familiares, a entrega não é feita regularmente.
Cirilo conta com a ajuda de seu filho, Alex Teixeira, para buscar os medicamentos. “Estou aguardando o remédio há dois meses e não há previsão deles serem comprados”, disse Alex.
Emile disse à reportagem do Folha da Mata que a falta do medicamento no mercado tem emperrado o processo de entrega ao paciente. A Prefeitura busca alternativa, mas não vem obtendo sucesso. Outra informação da coordenadora é a de que o remédio não pode ser estocado e que por isso é adquirido para o consumo em até dois meses. Ela reforçou que os atrasos na entrega ao paciente ocorrem por causa da dificuldade em encontrar o remédio no mercado. “O processo é dinâmico e a Secretaria precisa e quer resolver o problema. Estamos aguardando o representante da família para juntos encontrar uma solução”, afirmou a coordenadora.
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