Engenheiro recomenda interdição da ponte da rua Medina Floresta
Uma inspeção com o objetivo de realizar um orçamento para a PMV chamou a atenção de um professor do Departamento de Engenharia Civil da UFV
O plano da Prefeitura de Viçosa de transferir o tráfego de veículos pesados da subida da avenida Joaquim Lopes de Faria para a rua José Medina Floresta pode não se concretizar a curto prazo. O empecilho é a pequena ponte sobre o córrego na rua José Medina Floresta, construída há 40 anos, que apresenta diversas avarias e está com sua estabilidade comprometida.
Essa é a avaliação do professor do Departamento de Engenharia Civil da UFV (Universidade Federal de Viçosa), Diôgo Silva de Oliveira. Ele realizou uma inspeção na ponte, em novembro de 2022, após seu departamento ter sido procurado pela Prefeitura para a realização de um orçamento para a elaboração de um laudo e um projeto de uma nova ponte.
No local, Diôgo constatou elevado grau de corrosão e deterioração da estrutura, que apresenta deslocamento excessivo por deslocamento da fundação e, por isso, está com a estabilidade comprometida: “Parte do muro de contenção que segura a ponte já rompeu. Temos fendas com abertura que dá para enfiar um braço. A base do muro sofreu erosão e perdeu apoio e a estrutura já não apresenta mais estabilidade”, salientou o professor.
Para Diôgo, a ponte precisa ser urgentemente interditada, demolida e substituída. Ele acredita que a passagem de veículos pesados está colocando pedestres e condutores em risco.
O professor não chegou a produzir um laudo sobre a estrutura, pois a Prefeitura não deu retorno ao orçamento apresentado pelo Departamento de Engenharia Civil da UFV.
A Prefeitura de Viçosa foi procurada para comentar o assunto. A reportagem questionou se a Administração Municipal tem conhecimento da situação da ponte e se foi realizado algum laudo recente. Em nota, a PMV declarou que a Defesa Civil Municipal realizou uma vistoria [não foi informada a data] e constatou as mesmas avarias visualizadas pelo professor da UFV, como ruptura da base de concreto da ponte e fissuras no asfalto.
Segundo a Prefeitura, a Defesa Civil recomendou que se faça uma análise estrutural em relação à capacidade da ponte com a sobrecarga gerada pelo fluxo de veículos, além da realização de intervenções como o reparo da base da estrutura e reconstituição da área danificada.
Ainda de acordo com a PMV, na segunda-feira, 13, foi feita nova vistoria no local, quando foi constatado que uma adutora de água tratada de 250 mm passa no local e seu rompimento pode comprometer o abastecimento do município. A Administração Municipal disse que vai marcar uma reunião com o Saae para o estabelecimento das medidas que serão tomadas.
OPORTUNIDADE PERDIDA
Muitos avaliam que o prefeito Raimundo Nonato Cardoso perdeu a oportunidade de realizar, em sua gestão, uma das maiores obras de mobilidade urbana da história da cidade. A gestão anterior, do prefeito Ângelo Chequer, deixou encaminhado o projeto para a construção de uma trincheira na avenida Marechal Humberto Castelo Branco, que ligaria a avenida Joaquim Lopes e Faria e a rua Antônio Lopes Lelis por baixo da avenida principal. A obra, além de facilitar o trajeto de veículos na rota Ubá - Porto Firme, acabaria com os frequentes casos de caminhões pesados que não conseguem completar a subida do morro e ali permanecem agarrados até a chegada de um guincho.
Até recurso a PMV já tinha garantido. Em agosto de 2019, a Câmara de Viçosa aprovou, por unanimidade, um projeto de lei que autorizava a Prefeitura a contratar, com o BDMG, um empréstimo de R$ 3 milhões. Na justificativa da Lei aprovada à época, o Executivo escreveu que o valor seria destinado à construção da trincheira, além do reforço estrutural na ponte da rua José Medina Floresta, e investimento na rotatória localizada em direção a Ubá, além de um conjunto de obras em vias e encostas.
A prefeitura também chegou a empenhar R$ 160 mil para o pagamento de projetos de viabilidade e de engenharia, que foram contratados e entregues ao Executivo. Em outubro de 2020, foi realizado um processo licitatório para contratar empresa para a execução da obra, orçada em R$ 4,2 milhões, mas a licitação foi deserta. Uma segunda tentativa foi realizada em dezembro daquele ano, quando duas empresas apresentaram propostas, porém, nenhuma delas atendeu aos critérios do edital e foram inabilitadas.
A nova gestão começou em janeiro de 2021 e, apesar de não declarar a desistência do empreendimento, não publicou o edital novamente. Em março de 2022, o secretário de Administração e Planejamento Estratégico, Luan Campos, explicou ao Folha da Mata que aquele empréstimo de R$ 3 milhões aprovado no BDMG não chegou a ser efetivado, sob a justificativa de que o valor da obra seria muito superior ao valor aprovado. “Em 2021, chegamos a considerar o uso do empréstimo, mas como a cidade foi contemplada com diversas emendas e o recurso da Vale, não achamos necessário efetivar a contratação do empréstimo”, explicou o secretário à época.
Atualmente, para decidir o que será feito naquele trecho, a Administração Municipal aguarda as recomendações da equipe da UFV que foi contratada, via convênio, para a elaboração de projetos de engenharia para o tratamento de pontos críticos do trânsito de Viçosa.
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