Viçosa registra morte por dengue hemorrágica
Viçosa registrou o primeiro caso de morte por dengue hemorrágica em 2015 no município. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde. A paciente, uma mulher de 56 anos, deu entrada no Hospital São Sebastião na última sexta-feira, 3, e morreu no mesmo dia.
De acordo com a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Cláudia Ferreira, a notificação de óbito chegou à Secretaria na segunda-feira, 6, e confirma a doença como causa da morte. "Nós não temos material da paciente para enviar à Secretaria Estadual de Saúde para exames. Porém, nós temos o teste de dengue feito no laboratório do município que confirma o diagnóstico. Encaminhei toda a documentação necessária para o Estado, bem como os exames realizados aqui e a declaração de óbito, que aponta a dengue hemorrágica como a causa", disse.
Ainda de acordo com a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, a mulher era moradora do Bairro Posses de Nova Viçosa, que registrou alto índice de infestação do mosquito transmissor, de acordo com o último Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa) realizado no município. "O último LIRAa em Viçosa apontou 2.9. No bairro, o índice foi o mesmo", falou Cláudia Ferreira. A responsável pelo setor também informou que até o momento foram 22 notificações de dengue na cidade, sendo que destas, dois casos foram descartados e aguardam exames.
"Apesar do alto índice de infestação, nós ainda não tínhamos registrado nenhum caso de doença na localidade onde a paciente morava. O dela foi o primeiro. Mas já encaminhamos agentes de endemia para fazer trabalho no local e eles já estão fazendo tratamento na comunidade. Tivemos notícia que a família da paciente não estava em casa. Vamos esperar os parentes voltarem para fazermos um controle de área e bloqueio focal a fim de evitar novos casos", garantiu.
O secretário de Saúde do município, Sérgio Norfino, afirmou que está sendo feito um levantamento de informações para estudar o caso. "Nós estamos achando o caso estranho por conta da evolução da paciente, que foi muito rápida. Isso não é frequente. Por isso, a Vigilância em Saúde está levantando informações e analisando os prontuários e os atendimentos. Além disso, vamos procurar a família para conversar sobre o histórico da paciente. Precisamos saber quando os sintomas começaram, se ela tinha alguma outra doença que pode ter levado a essa evolução fatal, se usava alguma medicação, ou seja, se há alguma particularidade que possa ter levado a essa evolução rápida da doença, que não é usual", explicou.
O secretário também informou que a cidade segue o plano de contingência contra a dengue. "Nós estamos desenvolvendo ações de prevenção desde o ano passado. O plano foi discutido e aprovado. Há uma atuação diária dos agentes de endemia na identificação dos focos. Além disso, estamos sempre fazendo campanhas de conscientização", concluiu.
Dados no Estado
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, até o momento foram oito óbitos no estado: um em Iguatama, um em Faria Lemos, um em Ouro Preto, um em Três Corações, um em Três Pontas, dois em Uberaba e um em Uberlândia. Em 2014 foram registrados 51 óbitos pela doença em Minas Gerais.
Em apenas uma semana, Minas Gerais registrou 1.789 novos casos de dengue. O Estado contabiliza 10.375 casos da doença desde o início do ano.
Família da vítima reclama de negligência médica
O esposo de Maria de Lourdes Guimarães de Paula, que morreu vítima de dengue hemorrágica, na última segunda-feira, 06, procurou o jornal Folha da Mata para reclamar do atendimento que sua mulher recebeu nos hospitais de Viçosa. Ele conta que na segunda-feira, dia 30, Maria de Lourdes foi até o Hospital São João Batista procurar auxílio médico. Ela apresentava fraqueza nas pernas e no corpo, além de febre alta. O médico, Dr. Odair, teria aplicado um medicamento, liberando-a logo depois. Ele também pediu que Maria retornasse ao hospital, caso não melhorasse. Na terça-feira, afirma o esposo, ela teria apresentado uma pequena melhora. No entanto, na quarta-feira, ela piorou e teve que voltar ao HSJB. Maria de Lourdes foi novamente medicada e liberada. No dia seguinte, houve um agravamento no quadro clínico. Maria foi internada e passou a noite no Hospital. Na sexta-feira, uma nova piora. O esposo afirma que foi sua nora quem suspeitou de dengue, pelos sintomas apresentados, e falou com os médicos. Depois disso, o hospital pediu uma raio-x do tórax da paciente. Ainda na tarde de sexta-feira, Maria teve outra piora considerável e teve que ser reanimada pelos médicos do HSJB, que pediram a transferência dela para o Hospital São Sebastião, alegando falta de vagas no CTI. O esposo de Maria afirma que ela deu entrada às 16 horas no HSS e veio a falecer as 17h30. Ele disse que sua mulher sofreu muito durante a semana e reclamou que os hospitais não teriam feito o trabalho completo para detectar a doença. De acordo com ele, Maria já teria tido a dengue clássica há alguns anos.
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