Apontados como possíveis crimes de intolerância religiosa, o incêndio de igrejas está desafiando a polícia e assustando a população. De março até agora, sete templos (igrejas) católicas foram queimadas em quatro cidades: Brás Pires, Paula Cândido, Porto Firme e Senador Firmino. Os bandidos também quebram as imagens dos santos e deixam uma assinatura: uma cruz de sal grosso.
Em Paula Cândido foram incendiadas as capelas dos distritos de Graminha no mês de março, e Bagaceira, em maio. Elas não foram totalmente destruídas e já estão sendo reformadas, segundo relato de moradores. Os últimos casos registrados na cidade foram nas comunidades de Nossa Senhora da Vitória e do Macuco, no início de agosto. Os vândalos usaram uma mesa como apoio para chegar à janela e entrarem na Capela de São Rafael, no Macuco. Na mesma noite em que entraram na capela de São Rafael, uma hora depois, a poucos quilômetros da comunidade de Macuco, a Capela de Nossa Senhora da Vitória, no povoado de Quatro Barras, também foi incendiada. Das sete imagens de santos, sobrou a de Nossa Senhora Aparecida.
Além dos casos em Paula Cândido, os vândalos agiram na comunidade de Moreiras, em Brás Pires, no dia 13 de junho. O forro da capela estragou e os santos foram quebrados. Também na cidade, segundo relato de moradores, oratórios particulares que ficam na estrada foram depredados neste ano. Ainda em junho, a capela da comunidade de Guaxupé, em Senador Firmino foi atacada. O prédio resistiu ao fogo, mas os criminosos deixaram outras marcas. Do lado de fora da capela estão os restos das imagens em um saco.
Em agosto, houve ataque no povoado de Inhambu, em Porto Firme, onde uma capela de mais de 50 anos teve parte do altar e as imagens de santos destruídas pelo fogo.
Em todos estes casos os vândalos aproveitaram de que as capelas ficam localizadas em áreas afastadas, próximo de estradas e sem moradores vizinhos, o que dificulta haver uma testemunha da ação e facilita a fuga dos meliantes.
As evidências foram analisadas por um doutor em Ciências da Religião, Pedro Ribeiro Oliveira, que diz que a hipótese de crime por intolerância religiosa é válida, e que o fogo e o sal grosso seriam usados como "purificar" os lugares. Moradores da região também acreditam que a destruição dos templos pode significar uma agressão à fé católica.
Os casos já são investigados pela Polícia Civil em três cidades. A hipótese de intolerância religiosa é a mais forte. No entanto, a dificuldade em identificar suspeitos é um complicador nas apurações.
O delegado Edvin Otto, que assumiu os casos dos ataques em Paula Cândido, destacou a importância do apoio da comunidade para identificar os criminosos. “Por conta do incêndio, não há como colher digitais. É preciso aproveitar para fazer um apelo. Se alguém tiver informação que traga até nós para que sejam tomadas as medidas cabíveis”, pediu o policial.
A Arquidiocese de Mariana, responsável pelas capelas, afirmou, em nota, que aguarda desenrolar da investigação. Enquanto isso, os moradores mudam a rotina e trancam os locais que costumavam ser referência das comunidades à espera da solução do caso.
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