Marcos Paiva & Daniel Grajew apresentam Bailado em Viçosa
Baixo e piano proporcionam um momento musical distinto, hoje quinta-feira, a partir das 20 horas, no espaço Bellavi. O duo composto por Marcos Paiva e Daniel Grajew apresentam as obras do CD Bailado, fruto da parceria entre os dois músicos. O duo, através da sua criatividade e inventividade rítmica e melódica, traduz uma característica marcante do povo brasileiro: a constante capacidade de se reinventar.
Criando uma nova sonoridade em duo no Brasil. A ideia do CD nasceu da vontade de produzir uma música instrumental brasileira onde o gingado e o movimento das danças urbanas brasileiras do início do século passado fosse a linha mestra guiando as composições e arranjos. Afinal, a música instrumental de Ernesto Nazareth, Henrique Alves, Chiquinha Gonzaga e tantos compositores do século XX descende diretamente da música europeia e da música africana, e traz consigo, tanto de um lado, como de outro, as danças aristocráticas e populares.
Se hoje, 2016, vivemos na complexidade de um mundo multifacetado e carregado por uma enormidade de informações e influências, os músicos repetem o mesmo gesto antropofágico do século XX, e se influenciam também das diversas culturas musicais contemporâneas e passadas, tendo como norte os reflexos destas sonoridades em nosso ambiente cultural.
O contrabaixista Marcos Paiva cria um nova forma de conduzir o seu instrumento, usando a escola do violão de 7 cordas (as baixarias) de maneira inovadora. Essas contramelodias, nascidas no início do século XX e sistematizadas pelo genial Pixinguinha nas gravações ao lado do flautista Benedito Lacerda, são a artéria central para a ramificação promovida pelo contrabaixista para acompanhar sambas, choros, maxixes e outras misturas musicais. Seu contrabaixo conversa com o piano como numa engenhosa trama.
Já o pianista Daniel Grajew mergulha profundamente na linguagem dos pianeiros, como eram conhecidos os pianistas do final do século XIX e início do século XX, para recolorir essa tradição. E o pianista usa os pincéis impressionistas de Debussy e, consequentemente, de Bill Evans para transformar as novas harmonias e os improvisos sincopados em requebros de “suprema perfeição”.
Para concluir a rica teia musical construída, o trabalho traz a união do primeiro respiro musical brasileiro urbano, nascida nos quintais, nas cozinhas e salões desse país, com a escola do piano erudita, nas interpretações e no aprofundamento harmônico das composições, e o jazz, com seus espaços dilatados e sua liberdade na improvisação. Uma música que carrega a erudição (a sala de concerto) e a brejeirice do povo brasileiro (a rua).
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