Diretor do Saae fala da polêmica do lixo e anuncia novidades no sistema de coleta
Rodrigo Teixeira Bicalho, que está há pouco mais de um ano a frente do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa), atuando como diretor presidente e diretor de limpeza pública, concedeu na tarde da última segunda-feira, 28, uma entrevista ao jornal Folha da Mata para tratar da questão do lixo, um assunto polêmico e complexo, que já há algum tempo vem gerando discussões entre diversos setores da cidade e se tornou um desafio para as autoridades locais. Ele anunciou algumas das melhorias que estão sendo planejadas pela autarquia municipal.
CONTÊINERES
Logo de início, Rodrigo tocou em um ponto muito criticado e uma das maiores reclamações por parte dos moradores: a utilização dos contêineres. O diretor admitiu que, apesar dos esforços da autarquia, que inclusive aumentou o número dos objetos dentro do município no ano passado, o modelo não está funcionando. “Os contêineres acabam virando pontos de lixão”, avaliou ele. A nova proposta do Saae é ir, aos poucos, retirando os contêineres das ruas, deixando apenas alguns deles em pontos estratégicos. “O cidadão não terá mais acesso ao contêiner. Ele será usado exclusivamente pela autarquia, para facilitar o trabalho dos agentes. Queremos criar a cultura de que cada contribuinte é o responsável pelo seu lixo, o que está previsto em lei. Em algumas cidades, muitas casas já utilizam ganchos do lado de fora para pendurar as sacolas de lixo, facilitando o recolhimento do material pelos agentes. Nós vamos tentar viabilizar isso em Viçosa. Em condomínios, que produzem uma quantidade maior de lixo, vamos incentivar os responsáveis a adquirirem contêineres que possam ser levados para a rua e guardados depois. E, ainda que isso não seja possível, se o cidadão conseguir embalar o material descartado em sacos mais resistentes, que evitem ações dos cachorros de rua, já nos ajuda muito”, observou Rodrigo, que também ponderou que a taxa cobrada pelo Saae não está ligada à aquisição de contêiner, mas sim ao serviço de remoção e destinação final e adequada dos resíduos.
MUDANÇAS NAS ROTAS
O Saae trabalha, atualmente, com cinco caminhões compactadores. Destes, três são próprios e dois são terceirizados. Recentemente, a autarquia introduziu dois triciclos na frota, que são utilizados para auxiliar na coleta, principalmente em pontos de difícil para os caminhões de coleta. Rodrigo diz que a ação tem dado certo e adiantou que o Saae já adquiriu, por meio de licitação, outros três triciclos, que devem começar a circular em breve pelas ruas da cidade. “A ideia é que a moto vá antes, coletando o lixo dos pontos em que os caminhões não conseguem chegar direito, reunindo os resíduos em um único local para que o caminhão possa vir e coletar depois. Isso diminui a chance de os veículos maiores virem a quebrar, e diminui também a necessidade de manutenção nos caminhões. A intenção é que cada rota conte com o apoio de um a dois triciclos, para agilizar os trabalhos”, explicou Rodrigo.
O diretor falou, ainda, das atuais rotas feitas pelos caminhões, que têm apresentando muitas falhas. Ele destacou que a situação vem sendo repensada e estudada, detalhadamente, há alguns meses e asseverou que o Saae vai apresentar, em até dois meses e de forma ampla à sociedade, novos horários das rotas, renovadas e otimizadas, e divididas, agora, por zonas. O objetivo fazer com que a população descarte o lixo nos horários próximos dos de coleta, para que não gere acúmulos pelas calçadas e avenidas, como hoje é visto nas ruas da cidade. “Queremos que a população respeite o horário e cada um coloque lixo na porta da sua propriedade”, afirmou ele.
LEGISLAÇÃO
A autarquia deve propor, em breve, algumas mudanças na lei que rege a coleta, além de aumentar o número de profissionais capacitados a notificar as más condutas dos moradores. As multas também vão sofrer reajustes, para que elas se tornem realmente punitivas, já que atualmente giram em torno de pouco mais de R$ 40. O diretor relatou casos de furtos de contêineres, alguns encontrados em repúblicas estudantis de Viçosa, além da queima e quebra desses objetos, em diversos locais da cidade. “Cada contêiner de mil litros custa R$ 1.300. Se não endurecermos essa questão financeira, mudanças e a efetividade do nosso serviço serão ainda mais difíceis”, afirmou Rodrigo.
RECICLAGEM
Rodrigo também citou a necessidade da redução da produção do lixo em Viçosa, que em cinco anos aumentou em, aproximadamente, 25%. Junto a isso, o Saae quer, ainda, aumentar a quantidade do material reciclado, que atualmente atinge cerca de 6% do total de lixo produzido. Dessa forma, o Saae quer aumentar a vida útil do aterro. Para isso, serão criados dois “ecopontos”, destinados ao descarte de materiais reciclados. Um deles deve ser instalado na usina de reciclagem e outro no galpão da Sociedade São Vicente de Paula. A coleta seletiva também deverá ser ampliada. Vale ressaltar que a separação e a destinação correta do lixo permitem aumentar não só os índices de reciclagem, mas também geram mais empregos e renda para as duas Associações de Catadores de Viçosa.
“Vamos fazer um trabalho grande na orientação da população quanto ao descarte do lixo”, finalizou Rodrigo.
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