Casa das Mulheres celebra 15 anos e recebe homenagem da Câmara

Além da homenagem, também foram apresentados dados e um panorama do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos

Casa das Mulheres celebra 15 anos e recebe homenagem da Câmara
Divulgação/Câmara de Viçosa

O programa de extensão da UFV “Casa das Mulheres” completou 15 anos de existência em 2025. Em reconhecimento à sua contribuição, a Câmara Municipal de Viçosa entregou, na última segunda-feira (10), uma placa comemorativa para homenagear as atividades no combate à violência de gênero realizadas pelo programa.

A homenagem foi solicitada pela vereadora Jamille Gomes (PT). De acordo com ela, a Casa das Mulheres tem um importante papel na luta contra a violência de gênero e, apesar de ser um compromisso de toda a sociedade, o programa enfrenta de forma eficaz o problema e garante dados concretos para desenvolver políticas públicas. “É fundamental apresentar os dados da Casa das Mulheres em Viçosa. São esses dados que nos permitem pensar estratégias para enfrentar esse problema”, ressaltou.

A vereadora também ressaltou que a Casa das Mulheres tem reconhecimento nacional, tendo sido destacada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública por suas metodologias inovadoras. Apesar das parcerias com a Prefeitura e a Defensoria Pública, a instituição ainda necessita de maior estrutura para se consolidar como uma política pública municipal permanente.

Além da homenagem, também foram apresentados dados e um panorama do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos pelo programa de extensão. Criado em 2010 a partir de uma demanda do Conselho Municipal de Direitos das Mulheres, o programa surgiu para suprir a ausência de serviços especializados no atendimento às vítimas de violência.

Atualmente, a Casa das Mulheres atua em quatro frentes: atendimento a mulheres vítimas de violência, orientação jurídica, monitoramento de dados por meio do Observatório da Violência e ações de formação e mobilização. O trabalho é realizado por profissionais da UFV, da Defensoria Pública e por estudantes de graduação e pós-graduação, sem servidores concursados ou contratados.

Os dados apresentados pela professora da UFV e coordenadora da Casa das Mulheres, Cristiane Magalhães de Melo, revelam um cenário preocupante. Globalmente, 35% das mulheres já sofreram violência doméstica ou sexual. No Brasil, em 2022, foram registrados quase 75 mil casos de estupro, sendo a maioria das vítimas jovens, negras e de baixa escolaridade. O país ocupa a quinta posição mundial em feminicídios.

Em Viçosa, entre 2013 e 2023, foram registrados quase 5.000 casos de violência contra mulheres. Desde sua criação, a Casa das Mulheres realizou mais de 6.000 atendimentos. As principais vítimas são jovens entre 30 e 39 anos, negras, com baixa escolaridade e residentes em regiões vulneráveis. Na maioria dos casos, o agressor é o cônjuge ou ex-cônjuge, e cerca de 40% das vítimas já haviam sofrido agressões anteriores.

As principais demandas das mulheres atendidas envolvem acolhimento e medidas jurídicas, como pedidos de medidas protetivas, divórcios e guarda de filhos. No entanto, muitas acabam desistindo dessas medidas, o que evidencia a complexidade do ciclo da violência. Para Cristiane, é essencial que as instituições atuem de forma articulada para garantir suporte adequado às vítimas.