Ato denuncia impactos da especulação imobiliária e mineroduto

O ato público de protesto reuniu cerca de 100 pessoas

Ato denuncia impactos da especulação imobiliária e mineroduto

No último sábado, 25, uma ação popular em defesa das águas foi realizada pelos grupos de reflexão das Paróquias de Viçosa, Campanha Pelas Águas, Nacab, MAB e Levante Popular da Juventude.
A ação popular foi realizado pela manhã, partindo da feira de produtores com muita animação, cartazes, faixas e gritos de ordem. Durante a passeata, os manifestantes distribuíram panfletos e dialogaram com a população alertando sobre os impactos no abastecimento público da especulação imobiliária e a instalação do mineroduto da Ferrous em Viçosa. O ato contou com o apoio e agito do grupo de maracatu O Bloco e, também, com a apresentação do rapper MC Soldado cantando o “Rap Pelas Águas”.
Durante a manifestação, algumas intervenções marcaram o tom do ato popular. Rosilene Pires, da coordenação da Campanha Pelas Águas ressaltou a insustentabilidade do modelo de mineração em Minas Gerais. “O Estado ainda insiste em um modelo de mineração que só beneficie as grandes mineradoras, nossos minérios são saqueados, nossas serras, águas e comunidades destruídos; com os minerodutos fica bem claro, nossos minérios vão das minas até os portos, tirando a água do povo mineiro para maximizar os lucros das empresas”, denunciou. Outro tema da passeata abordou a especulação imobiliária e seus reflexos no meio ambiente. O professor da UFV, Rafael Bastos, especialista em abastecimento público, chamou a atenção que esta discussão entre o conflito de construtoras e água é antiga na cidade. “Participando da manifestação de hoje me lembro do movimento SOS São Bartolomeu, construído na década de 90, e percebo que mesmo com todo o clamor da população, com a evidente falta de água, o setor imobiliário age a cada dia de forma mais irresponsável, e o poder público, infelizmente, quando não é condescendente com as construtoras, atua de maneira ainda insuficiente”, Rafael ainda reforçou a necessidade da adoção de medidas de conservação na bacia do São Bartolomeu para assegurar um abastecimento sadio e pleno à população viçosense.
Ao passar em frente à Prefeitura, Frederico, liderança comunitária do distrito de Silvestre, reivindicou a efetivação do Monumento Natural da Cachoeira do Silvestre. “Criaram o Monumento, mas depois de criação nada mais se fez, hoje a cachoeira está largada e sendo utilizada para fins inapropriados, queremos que a Prefeitura efetive o parque da cachoeira, pois é um monumento natural e um potencial ponto de lazer da cidade”, reivindicou Frederico.
A reforma política também foi reivindicada pelos manifestantes. No momento em que a manifestação passou em frente à Câmara Municipal, Iara Cássia, do Coletivo de Mulheres e militante da Consulta Popular, denunciou como vereadores agem como servidores da especulação imobiliária. “Muitos projetos foram aprovados nessa casa legislativa para atender unicamente os interesses do setor imobiliário; podemos citar a urbanização do trecho que permitiu a construção do Eco Life no Acamari, a urbanização dos Cristais e a urbanização do Paraíso, todos estes projetos só servem às construtoras e vão trazer danos ao abastecimento de água”. Iara ainda denunciou que o financiamento de campanha eleitoral pelas empresas imobiliárias decide para quem vai servir os mandatos dos parlamentares, “o financiamento de campanha pelas empresas é o que incentiva a corrupção na política, ao invés de pensar leis para o povo, ficam fazendo leis para atender seus financiadores”, denuncia.
Outra intervenção que chamou a atenção foi quando a manifestação cruzou a esquina da Av. Marechal Castello Branco. Os manifestantes envolveram a placa da avenida com um cartaz escrito “Av. Frei Tito” e denunciaram a nomeação de ruas por representantes do regime militar.
O militante do Levante Popular da Juventude, Zeonyr Barbosa, incentivou a todos a descomemorar os 50 anos da empresa Rede Globo, celebrada no dia 26 de abril. “A família Marinho se enriqueceu extraordinariamente durante a ditadura financiada pelos Estados Unidos; a realidade é dura, a Globo apoiou a ditadura, e hoje serve como principal instrumento para alienar o povo trabalhador!”.
O ato popular em defesa das águas foi encerrado na Praça Silviano Brandão com uma grande roda e o comprometimento de todos de que continuarão na luta para defender a vida contra os projetos de privatização da natureza e exploradores do povo brasileiro.