Viçosa caminha para se tornar polo de inovação e de empresas de base tecnológica
A quantidade de empresas e microempresas do ramo de tecnologia abertas na cidade cresceu 400% nos últimos 15 anos
Com forte tradição educacional e economia baseada no setor de serviços, especialistas do empreendedorismo e economistas acreditam no potencial de Viçosa para uma vertente inovadora e referência para a instalação de empresas de base tecnológica. Essa vocação já está se expressando em números. A quantidade de empresas e microempresas do ramo de tecnologia abertas na cidade cresceu 400% nos últimos 15 anos, sobretudo devido ao tecnoPARQ (Parque Tecnológico de Viçosa), vinculado à UFV (Universidade Federal de Viçosa).
Os potenciais e os desafios para tornar Viçosa uma cidade atrativa estão sendo discutidos no Ecossistema de Empreendedorismo e Inovação de Viçosa, um ambiente que impulsiona articulações entre diferentes atores sociais que enxergam a inovação como força motriz para o desenvolvimento social e econômico da região.
O grupo reúne poder público, universidade, faculdades, empresários e entidades do setor econômico da cidade. De acordo com Fernanda Oliveira, assessora do Ecossistema de Inovação, esse ambiente não é de hoje, uma vez que em 2006 alguns empresários na cidade já se reuniam para discutir sobre modelos de negócios e trocar experiências de empreendedorismo. “Hoje, esse grupo é formalizado e possui atores sociais muito bem definidos. Os líderes, que chamamos de governança, reúne representantes da UFV, tecnoPARQ, Univiçosa, Faculdade de Viçosa, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Funarbe, SEBRAE, Casa do Empresário e membros da Sociedade Civil que se reúnem uma vez por mês para viabilizar iniciativas inovadoras para os problemas atuais da cidade e formas de resolvê-los”, explica.
Oliveira complementa que o Ecossistema de Inovação propicia a criação de empresas de base tecnológica, isto é, empresas criadas com a finalidade de desenvolver produtos, serviços ou processos produtivos com conteúdo tecnológico novo, ou com aprimoramento significativo de tecnologia, oriundos de pesquisa científica ou aplicação de técnicas complexas. “Tivemos um número muito expressivo de empresas de base tecnológica abertas na cidade. Em 2006, eram 20 empresas. Neste ano, esse número saltou para cerca de 100 empresas de base tecnológica que estão ativas e em pleno funcionamento em Viçosa, um aumento de 400%”, complementa a assessora.
Devido a essa articulação, em 2022 a cidade foi agraciada com o certificado de Arranjo Local Produtivo (ALP) de Tecnologia e Inovação, do Governo do Estado de Minas Gerais. Arranjos Produtivos Locais (APLs) são aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva, algum tipo de governança e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais.
EXEMPLOS DE SUCESSO
Uma característica do arranjo produtivo de Viçosa é a forte presença de empresas voltadas a soluções em biotecnologia, meio ambiente e agronegócios, como Agroflor, MicroVet, Rizoflora Biotecnologia, entre outras.
A Agroflor, por exemplo, é uma empresa de consultoria em meio ambiente especializada em estudos ambientais, com serviços já realizados em vários estados do país para projetos de minas, minerodutos e gasodutos de diversas empresas. Outro exemplo é a MicroVet, que hoje se apresenta no mercado como referência em vacinas autógenas e sanidade animal. Em breve, a empresa irá inaugurar sua nova sede em Viçosa, próximo ao tecnoPARQ. A Rizoflora Biotecnologia foi criada como resultado de mais de 20 anos de pesquisas do Departamento de Fitopatologia da UFV. A empresa é fornecedora de soluções biocompatíveis de alta qualidade e eficácia no combate às pragas agrícolas, especializada no desenvolvimento de produtos biológicos que substituem o uso de defensivos.
Na análise do empresário Paulo Márcio de Freitas, um dos integrantes da governança do Ecossistema de Inovação em Viçosa, a cidade tem tudo para ser uma referência em inovação de base tecnológica. “Temos Ubá como referência em móveis, Ponte Nova com potencial grande em suinocultura. Queremos que Viçosa tenha destaque e seja referência em inovação”, conta. Paulo também é CEO da Cientec Aceleradora, uma empresa de base tecnológica viçosense que hoje tem impacto em todo o país e também fora dele. A empresa surgiu em 2000 de forma tímida, com uma fábrica de softwares que desenvolvia sistemas para os projetos de pesquisa da Universidade Federal de Viçosa. Em sua terceira fase, a Cientec se transformou em uma empresa que cria, incorpora e investe em outras empresas inovadoras. Hoje o grupo conta acelerando empresas como: Ecovoice, Conveniar, Jungle, Mata Nativa e TacticUP. Essas e outras demais empresas contribuem para geração de renda e aquecem a economia de Viçosa. “Realizamos um levantamento de empresas de base tecnológica ao Governo de Minas, que é possível mensurar um faturamento anual de mais de 100 milhões para o município de Viçosa e que, geram contratações e utilização dos recursos da cidade”, complementa o CEO.
Com exceção da MicroVet, todas essas empresas citadas, juntamente com Cientec Aceleradora, Oriontec, Contajá, Seduca, entre outras, formam um grupo de empresas de sucesso graduadas no tecnoPARQ. Paulo Márcio estima que as empresas de base tecnológica presente em Viçosa tenham juntas um faturamento anual de R$100 milhões, impactando na geração de empregos e na economia da cidade.
LEI DE INOVAÇÃO
Criada há 12 anos, a Lei Municipal de Inovação de Viçosa (Lei nº 2204/2011) começou a ser implementada nesta ano. A legislação dispõe de medidas de incentivo à inovação tecnológica e a consolidação dos ambientes de apoio à inovação tecnológica na cidade.
Segundo a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Rita Rodrigues, essa lei possibilita ferramentas que garantem maior atratividade para que a cidade passe a receber empresas de base tecnológica. Na prática, isso significa maior facilidade e menos burocracia para a abertura dessas empresas por meio da Sala Mineira do Empreendedor de Viçosa.
É essa lei que garante às empresas de base tecnológica instaladas dentro do tecnoPARQ isenções como Taxa de Emissão de Licença de Construção e o Habite-se; Taxa de Fiscalização, Localização e Funcionamento; Taxa de Fiscalização Sanitária; e Taxa de Coleta, Remoção, Transporte e Destinação do Lixo. Essas empresas também não pagam IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) por ocuparem imóvel de propriedade da União.
Já as empresas de base tecnológica instaladas na cidade tem direito a isenção de Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e redução da alíquota do Imposto Sobre Serviços de Quaisquer Natureza (ISSQN).
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