Serviço de vistoria e preços abusivos de placas de veículos causam indignação nos viçosenses

Serviço de vistoria e preços abusivos de placas de veículos causam indignação nos viçosenses

Os preços exorbitantes cobrados por placas de veículos e a desorganização, demora no atendimento e grandes filas que começam a se formar ainda durante a madrugada são algumas das reclamações de quem precisa emplacar ou transferir veículos e, por consequência, do serviço de vistoria de veículos em Viçosa. Segundo a Polícia Civil, responsável pela Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), atualmente dois investigadores responsáveis pelas vistorias atuam no local, enquanto outro atende nas cidades abrangidas pela Regional.
“A pessoa tem que levar o veículo às cinco horas da madrugada, pegar uma fila enorme, como se fosse a fila do SUS, aguardar o policial chegar às nove horas mais ou menos para atender até o meio-dia”, afirma um despachante que preferiu não se identificar. “Se até o meio-dia não der para ele fazer a vistoria em todos os veículos, quem ficou de fora ele [o vistoriador] volta para trás na maior tranquilidade”, completa. “Tenho clientes que estão revoltados com isso, pois vão lá para fazer a vistoria e precisam voltar”.
O despachante também diz que ele e demais colegas precisam disponibilizar funcionários no local da vistoria para realizar parte dos trabalhos. “Ele [o funcionário] vai para lá fazer o serviço do policial, ou seja, tirar o número do decalque do chassi e do motor. Meu funcionário está indo para lá às cinco horas da manhã direto, aí ele [o vistoriador] só vai olhar a parte burocrática, o freio, luz de ré, retrovisor, vidros...”, informa.
Os relatos de problemas vivenciados no pátio de vistoria, que em Viçosa funciona na sede da Associação dos Municípios da Microrregião da Zona da Mata Norte (Amman), considerada pela Polícia Civil, “em virtude da demanda, por hora, o melhor espaço disponível para realizar as vistorias”, não se concentram apenas aos despachantes. Nas redes sociais, pessoas denunciam a desordem no atendimento. “A fila de transferência de veículos é vergonhosa, tem que ser denunciado ao Ministério Público”, escreve um internauta. “Nunca vi uma fila tão avacalhada na vida”, relata outro.
O tempo gasto para realizar os serviços também está desagradando. “Demora-se muito, trabalha muito devagar”, observa o despachante. “A vistoria que poderia durar dez minutos... demora meia e hora...”, relata um internauta.

PREÇO ABUSIVO DAS PLACAS

As constantes variações e os preços altos cobrados em Viçosa pelo fornecimento de placas de veículos são outros pontos que vêm causando indignação dos proprietários de veículos em Viçosa.
O caso vem trazendo suspeita de formação de cartel por parte dos três fabricantes credenciados pelo Detran e que são os únicos autorizados a prestar tal serviço na região da 5ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Viçosa.
O vereador e presidente da Câmara Municipal de Viçosa, Carlitos Alves dos Santos, Meio Kilo (PSDB), já usou várias vezes a tribuna da Câmara para denunciar o fato.
De acordo com Meio Kilo, os altos preços praticados na fabricação e comercialização das placas, depoimentos colhidos de clientes, boletos e notas fiscais revelam a suspeita da imposição de tabelas, fixação de preços e divisão de mercado entre os concorrentes.
Na reunião ordinária do dia 19 de junho deste ano, Meio Kilo apresentou uma nota fiscal comprovando que no dia 14 de junho se pagava por uma placa de carro o valor de R$50. Em outra nota, datada de 15 de junho, o valor da placa de moto era de R$35. O par de tarjetas para carro chegou a ser vendido ao preço de R$30 e para motos R$35.
Nesta terça-feira, 21, o Folha da Mata apurou que as placas estavam sendo vendidas em Viçosa com preços entre R$ 180 a R$ 200 o par para carros e R$ R$ 150 a R$ 189 para motos. O par de tarjetas para carros era comercializado entre R$ 120 e R$ 140, enquanto para moto variaram de R$ 80 a R$ 99.
Na semana passada, a Câmara Municipal de Viçosa formalizou no Procon local um pedido de levantamento de preços comparativos de placas e tarjeta e aguarda resposta do órgão, que deverá se manifestar em 15 dias. Se o Procon concluir que há formação de cartel, um dossiê será enviado ao Ministério Público da Comarca para tomar as medidas cabíveis.