Moradores voltam a sofrer com surto de pernilongos

Falta de melhores condições de saneamento facilita a proliferação dos insetos no inverno

Moradores voltam a sofrer com surto de pernilongos

A exemplo do que ocorreu em 2016, viçosenses estão sofrendo com a infestação de pernilongos durante o inverno deste ano. O que tem causado estranheza na população é que estes insetos não se reproduzem em baixas temperaturas e aparecem com maior incidência no verão.
Segundo explicou o entomologista (especialista em insetos) Gustavo Ferreira Martins, da Universidade Federal de Viçosa, a cidade está tendo outro surto de pernilongos devido à falta de melhores serviços de saneamento básico por parte do poder público municipal. O professor Gustavo explica que no inverno os insetos ficam com suas atividades metabólicas reduzidas, devido à perda de energia, o que dificulta a sua procriação. No entanto, a falta de chuvas aumenta a disponibilidade de matéria orgânica nos cursos d’água onde esses insetos, no caso os pernilongos, depositam seus ovos, facilitando a reprodução dos mesmos.
Pelas explicações de Gustavo, deduz-se que é exatamente isso que mais uma vez vem ocasionando o surto de pernilongos no inverno em Viçosa, que está ocorrendo com maior intensidade nas regiões ribeirinhas ao ribeirão São Bartolomeu, onde é lançado todo esgoto sanitário da cidade, inclusive de seus afluentes, os ribeirões da Conceição e o Santo Antônio, que desce do bairro Santo Antônio.
De acordo com Maria Imaculada, moradora do entorno do córrego da Conceição, há alguns meses não é feita capina das margens do Conceição naquela região onde houve uma piora considerável na infestação de pernilongos do ano passado para cá. Não bastasse isso, ela diz que a situação se agrava porque, ao que parece, os pernilongos estão criando resistência aos inseticidas usados para combatê-los. “Os remédios não estão adiantando e os pernilongos estão entrando o tempo todo, não apenas ao entardecer e ao amanhecer, como antigamente. Estamos com o ribeirão há vários meses sem capina, o que piora muito nossa situação”, ressalta Imaculada.

No Nova Era e Vale do Sol
Nos bairros Vale do Sol e Nova Era os ribeirinhos ao São Bartolomeu também estão sofrendo com a invasão de pernilongos. Devido à falta de chuvas, o ribeirão flui lentamente e mais parece um esgoto a céu aberto, situação que é denunciada pelo intenso mau cheiro que exala de suas águas escurecidas pelo material orgânico dos esgotos sanitários que recebe em toda a sua extensão, desde a cidade, e que vai se acumulando nas margens e no leito do ribeirão. Esta situação é agravada pela grande quantidade de lixo inorgânico de todo tipo que moradores descuidados ou inescrupulosos insistem em atirar no ribeirão, ao invés de destinar esses materiais inservíveis aos pontos de coleta.

Métodos para eliminação
Entre as formas mais utilizadas para se livrar da presença dos pernilongos, os óleos e essências à base de citronela são os mais indicados. É que esse repelente age confundindo os pernilongos, que escolhem suas vítimas pelo odor. O entomologista destaca, entretanto, que o uso das telas de proteção em portas e janelas geralmente são mais eficazes e ainda traz a vantagem de não obrigar o morador a fechar a casa nos períodos de maior incidência do mosquito.
Já os repelentes “spray” e de outro modo de uso, por conterem produtos químicos em suas fórmulas, não são os mais indicados, por fazer mal à saúde.