Mais um professor da UFV é eleito membro da Academia Brasileira de Ciências

Com a eleição do professor Murilo, a UFV, agora, tem quatro membros efetivos na ABC

Mais um professor da UFV é eleito membro da Academia Brasileira de Ciências

Aos 57 anos, o professor Francisco Murilo Zerbini Júnior, do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), acaba de ser eleito para integrar a prestigiada Academia Brasileira de Ciências (ABC), na área de Ciências Agrárias. A posse será em maio de 2024, durante a Reunião Anual da ABC, no Rio de Janeiro. 

Com mais de 180 artigos publicados, quase 30 capítulos de livros como autor, cerca de 300 trabalhos apresentados em congressos, orientador de dezenas de novos pesquisadores, editor de revistas científicas e membro de comitês de assessoramento em agências financiadoras de pesquisas, Murilo Zerbini é especialista em estudos sobre taxonomia, ecologia e evolução de vírus. Este vasto currículo acadêmico importa, mas não é suficiente para fazer um pesquisador se tornar membro da Academia Brasileira de Ciências; é preciso ainda dar contribuições efetivas para a sociedade ou para o progresso do conhecimento científico. Entre tantos trabalhos, o professor Murilo destaca:

- como membro do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus, do qual é presidente desde 2020, conduziu a atuação de virologistas de todo o mundo, em 2017, para a reformulação da taxonomia de vírus, incorporando dados de metagenômica. O trabalho foi considerado revolucionário, permitindo o entendimento do relacionamento evolutivo entre os vírus, a partir de eventos independentes de origem. De acordo com o professor Zerbini, “muito mais do que um exercício acadêmico, a nova taxonomia unificou o universo viral e permitiu, pela primeira vez, uma visão global da diversidade e do relacionamento entre os vírus”.

Ao longo de vários anos, o grupo de pesquisa do professor Zerbini demonstrou que as populações de begomovírus no Brasil têm uma série de características únicas que conferem a eles uma enorme capacidade adaptativa. Com isso, evoluem rapidamente, podendo gerar novas variantes, que causam doenças em diversas espécies de plantas de grande interesse comercial para o país, como a soja e o feijão. O trabalho tornou-se uma referência em estudos de ecologia e evolução de vírus de plantas e deu grandes contribuições ao combate de pragas causadas por geminivírus, um importante grupo de vírus de plantas.

Outra pesquisa do grupo do professor descreveu os fatores ecológicos e evolucionários que afetam o surgimento de novos geminivírus. O trabalho, publicado em 2019, discutiu a importância dos eventos de spillover (salto de hospedeiros), a partir de populações naturais. Um ano depois, um evento de spillover zoonótico causou a pandemia do novo coronavírus. “Embora os fatores que afetam a emergência de vírus em plantas e animais certamente não sejam os mesmos, existem semelhanças suficientes para permitir que estudos da ecologia e evolução de vírus de plantas auxiliem na compreensão desse fenômeno em animais e humanos”, afirmou.

Murilo Zerbini foi membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), de 2010 a 2011. Nesse período, sua relatoria técnica no processo de liberação comercial de feijoeiro transgênico, resistente ao vírus do mosaico dourado do feijoeiro (BGMV), foi fundamental para que a variedade fosse aprovada por unanimidade e esteja atualmente sendo cultivada no país. De acordo com ele, a liberação é considerada um marco na biotecnologia agrícola, porque foi a primeira planta geneticamente modificada no Brasil resistente a vírus e a primeira não produzida por empresa transnacional, uma vez que foi desenvolvida pela Embrapa.

O novo membro da ABC foi ainda coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia por seis anos. Como professor, orientou, até agora, 30 dissertações de mestrado e 37 teses de doutorado. E, entre tantas produções científicas, é esse seu maior orgulho: "Minha grande alegria é ter meus ex-orientados como professores e pesquisadores em universidades e institutos de pesquisa em 22 estados brasileiros e em países emergentes, como Argentina, Colômbia, Cuba, Equador, Moçambique e Nigéria". 

A UFV na ABC

Com a nomeação de Murilo Zerbini, a UFV tem, atualmente, quatro membros efetivos na ABC: Elizabeth Pacheco Batista Fontes (2008) e os professores já aposentados Evaldo Ferreira Vilela (2012) e Acelino Couto Alfenas (2018).

 

Fonte: UFV