Mais de 70Ús propriedades rurais em Minas são da agricultura familiar

Cartilha elaborada pela UFV traça perfil da ocupação do campo no estado

Mais de 70Ús propriedades rurais em Minas são da agricultura familiar

Minas Gerais é o segundo estado do país com o maior número de estabelecimentos da agricultura familiar. São 441.829 propriedades de pequeno porte comandadas por famílias que tiram seu sustento da produção vegetal e/ou animal. O número representa 72,7% do total de estabelecimentos rurais mineiros. E, mesmo sendo considerados “pequenos produtores”, o setor representa 25% do Valor Bruto da Produção Agropecuária de Minas.

Esses e outros dados estão em uma cartilha inédita elaborada pelo Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS), da Universidade Federal de Viçosa. O documento traça um perfil da agricultura familiar no estado, a partir dos dados do Censo Agropecuário de 2017. De acordo com a UFV, as informações poderão servir de base para ações que venham fortalecer, ainda mais, a agricultura familiar mineira.

“O segmento é o responsável por parcela expressiva da oferta de alimentos básicos que vão para as mesas dos brasileiros no dia a dia. Desde o início da pandemia, a agricultura familiar tem atuado de maneira significativa no combate à fome, com aumento exponencial das vendas por meio digital”, afirma a assessora especial da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFV, Fabiana Melo.

O professor Marcelo José Braga, responsável pelo estudo, cita outras informações que caracterizam a agricultura familiar em Minas e faz uma análise comparativa. “Um dado que chama a atenção é o envelhecimento da população rural. A comparação entre os Censos de 2017 e de 2006 evidencia o aumento do percentual de estabelecimentos dirigidos por pessoas com mais de 55 anos e a redução do percentual, principalmente daqueles que são dirigidos por pessoas com idade inferior a 45 anos. Na faixa etária dos jovens com menos de 25 anos, a redução alcançou 40%”, detalha o professor da UFV.

A comparação entre os censos agropecuários também mostra crescimento da presença feminina na direção dos estabelecimentos. Embora o homem ainda seja a maioria na direção, a participação da mulher registrou aumento de 28% na década.

ZONA DA MATA

Entre as propriedades situadas em municípios da Zona da Mata, o estudo revela que quase 85% produzem para a comercialização, e não para consumo próprio. Entre as culturas permanentes, de longo ciclo, o café arábica é o produto mais cultivado, com valor somado de produção do grão verde de pouco mais de R$ 880 mil. A banana aparece no relatório como o segundo alimento mais plantado ao longo do ano, rendendo valor de R$ 17 mil da produção.

Entre as culturas temporárias, que oscilam de acordo com o período do ano, destaque para o milho, que rende R$ 55 mil para as famílias produtoras e a cana de açúcar, com renda de quase R$ 39 mil.
Em relação à criação animal para comercialização, os municípios da região se destacam na produção de aves, com mais de 5,3 milhões de unidades por ano, em média. A pecuária bovina, com quase 730 mil cabeças de gado, aparece em seguida.

PROJETO DE LEI

A agricultura familiar e a economia solidária também estão em pauta na Câmara Municipal de Viçosa. Na última quinta-feira, 29, uma reunião no legislativo discutiu a proposta de um projeto de lei, de autoria da vereadora Jamille Gomes (PT) e com base em colaborações coletivas. A proposta é estabelecer diretrizes e incentivar que, pelo menos 30% de toda compra de gêneros alimentícios feita pela Prefeitura de Viçosa venha da agricultura familiar e da economia solidária.

O projeto ainda não foi finalizado e está em fase de discussão e acolhimento de propostas, antes de ser protocolado. Estiveram presentes o Secretário de Administração, Luan Campos; o Chefe do Departamento de Agropecuária, Reginaldo Fialho; os representantes da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Liliam Telles e Glauco Reges, que prestam consultoria na elaboração do projeto; os representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Karina Lopes e Bruno Klauber; e o representante do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA - ZM), Daniel Neves.