Equipe Curupira promove debate sobre “Africanidades”
O Projeto Curupira, que trabalha com arte educação ambiental e agroecologia nas escolas, neste semestre traz o tema “Africanidades”. Desde o começo de fevereiro, a equipe está promovendo debates sobre o assunto na sede do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) e preparando as atividades que serão desenvolvidas junto às comunidades, a partir do mês de abril.
Na última sexta-feira, 13. a professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa, Jaqueline Cardoso, que estuda questões étnico-raciais com ênfase nas africanidades em interface com as questões indígenas, mediou a discussão com a equipe do projeto destacando a “Africanidades em nós”.
Segundo a professora, trabalhar temas étnico-raciais no país sob essa perspectiva é fundamental para que “a partir de uma identificação de o que de África existe em nós a gente consiga reconstruir uma história da memória dos povos africanos que foram trazidos pro Brasil. O seu modo de ver o mundo, a sua cultura, alimentação, modo de vestir, dançar e cantar”.
E a história desses povos que chegaram ao Brasil é marcada pelo respeito à natureza. Mensagem que a agroecologia leva a todos que a conhecem e praticam e que o Curupira também tem como missão. Jaqueline afirma que a relação entre agroecologia e as africanidades é facilmente reconhecida.
“Toda a cosmologia africana, dos diferentes povos que foram trazidos pra cá, está sempre relacionada aos elementos da natureza divinizados. Então o modo de ver, sentir e de viver no mundo foi construído com base nessa relação harmônica com a natureza. Uma relação de respeito, de troca. E trabalhar com africanidades, tendo a agroecologia como foco, permite reconstruir em nós e nas escolas uma relação com a natureza e com a gente mesmo, enquanto elemento da natureza, que está sendo perdida”.
Ainda sobre a escolha da temática feita pelo projeto Curupira, a professora admite que “levar esse debate e essa vivência para as escolas possibilita ressignificar um conhecimento de África que é passado para nós durante a nossa formação”.
Jaqueline Medina, umas das técnicas do projeto, ressalta que o aprofundamento na história e cultura trazido pela professora ajudará no processo de troca com crianças, adolescentes e famílias, já que o tema exige um conhecimento do processo histórico que envolve a formação do povo brasileiro. “A gente quer despertar neles o interesse em descobrir essa origem. Despertar para o que é a história do povo brasileiro. A gente vai a escolas, comunidades, e vê que há uma história não contada e por isso muitos não sabem por que existe o preconceito e a discriminação. A ideia é tentar brotar essa sementinha de curiosidade por quem a gente é, por que a gente gosta de tanta coisa que é de origem africana e nem se toca que isso tudo está em nós. A África está em nós, basta a gente descobrir”.
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