Cresce a população de rua em Viçosa
O jornal Folha da Mata tem recebido manifestações de alguns leitores preocupados com o aumento do número de pessoas dormindo ao relento em Viçosa, situação que caracteriza o crescimento da chamada população de rua na cidade. Às vezes a situação já existe, mas é mais notada no período de frio, quando desperta a comoção de pessoas que se sentem incomodadas ao ver idosos, jovens e até menores dormindo ao relento sob as agruras das madrugadas geladas.
Na semana passada, o ativista social Aroldo Barbosa, diretor social do Lions Clube de Viçosa procurou o jornal para falar sobre o assunto. Exibindo algumas fotografias de pessoas dormindo em portas de residências e casas comerciais da cidade, ele disse que procurou saber se no poder público local existe algum projeto de atenção a estas pessoas e descobriu que ainda não há ação política coordenada direcionada a esta camada vulnerável da sociedade. “Nenhuma paróquia da cidade possui Pastoral de Rua, o que mostra o quanto esta população está ao relento” denunciou Barbosa, acrescentando que a situação é preocupante e mostra que as contradições sociais antes visíveis nas metrópoles chegaram ao interior do Estado.
Conforme definição da Secretaria Nacional de Assistência Social, a população em situação de abandono se caracteriza por ser um grupo populacional heterogêneo, composto de pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular, sendo compelidas a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, em caráter temporário ou de forma permanente. O órgão também aponta fatores que podem levar as pessoas a irem morar nas ruas. Entre os principais estão a ausência de vínculos familiares, perda de algum ente querido, desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de drogas e doença mental.
Viçosa
Em Viçosa não existem pesquisas que apontem o número de moradores de rua nem o perfil dessa população. Mas não são poucos os que afirmam notar aumento na quantidade de pessoas em situação de abandono em calçadas e praças.
De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social de Viçosa, ainda não existe na cidade um projeto social voltado especificamente para essa população, mas há alguns trabalhos realizados pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). A coordenadora do Creas, Denise Maria Costa, explica que, por meio de denúncias feitas pela população ou por iniciativa própria, o Centro envia um assistente social até o morador de rua. Depois de uma conversa, ele é levado até a República Municipal Nosso Lar, que fica localizada no bairro Nova Era. Lá, ele recebe alimentação e um abrigo provisório, de no máximo dez dias. Durante esse tempo, o Creas tenta entrar em contato com parentes e amigos para tentar reinseri-lo na sociedade. Denise afirma que muitas vezes o morador consegue sair da rua. Mas existem casos em que a própria família não aceita esse retorno pelas mais diversas razões. “Em situações como essa, é preciso fazer um trabalho com a família para explicar que aquele ente é importante”, relatou a coordenadora. Em outros casos, ela revela que alguns não aceitam ajuda e preferem continuar vivendo daquela forma. “É um trabalho delicado e difícil, mas nós tentamos fazer o melhor sempre”, finalizou a assistente.
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