Aumenta a procura por auxílios assistenciais em Viçosa

Quem passou em frente ao prédio da Gomes Barbosa, onde funciona a secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Viçosa, nos últimos dias, percebeu grandes filas que se formaram antes mesmo das 8h da manhã. Eram pessoas em busca de informações sobre o Auxílio Brasil, programa do Governo Federal que substituiu o Bolsa Família e realizou o primeiro pagamento em novembro.

São contempladas pelo novo programa as famílias em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 100, e famílias em situação de pobreza, com renda per capita de até R$ 200. Essas famílias devem possuir, em sua composição, gestantes ou pessoas com idade até 21 anos incompletos.

O novo programa está utilizando a mesma base de dados do Bolsa Família, o CadÚnico, cadastro que reúne informações de todas as famílias de baixa renda existentes no país, para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda. Em Viçosa, o número de famílias cadastradas cresceu 12% de março a setembro, quando a secretaria de Assistência Social fez a última atualização. Em março, Viçosa tinha 10.855 famílias no CadÚnico. Agora são 12.148 famílias, ou seja, 1.293 novas famílias classificadas em situação de pobreza, extrema pobreza ou renda básica.

O portal da transparência de benefícios sociais do Governo Federal ainda não apresenta dados do Auxílio Brasil. A última atualização é de outubro, ainda referente ao pagamento do Bolsa Família. Naquele mês, foram distribuídos R$ 524.963,00 para 3.350 famílias viçosenses, uma média de R$ 156 por família. O número de beneficiários cresceu nos últimos três anos. Em 2019 eram 2.550 famílias contempladas e, em 2020, 2.900.

Para a secretária de Assistência Social, Vera Saraiva, a pobreza aumentou em Viçosa. Ela se baseia no aumento da procura por programas sociais e na demanda por cestas básicas, que aumenta a cada mês. De acordo com a secretária, somente neste ano foram distribuídas 9 mil cestas básicas, sendo grande parte montadas a partir das doações realizadas durante a campanha de vacinação contra a Covid-19.

Outro termômetro importante apontado por Vera Saraiva é a quantidade de famílias que têm encontrado dificuldade para quitar seus aluguéis.Atualmente a prefeitura paga o auxílio Aluguel Social a 50 famílias viçosenses e a fila de espera para o benefício é grande. Algumas dessas famílias foram retiradas de casa após danos causados pelas chuvas. Em relação a essas, a secretária informou que a prefeitura está reformando seus imóveis para devolvê-las, a fim de abrir vagas para atender à demanda crescente pelo Aluguel Social.

A secretária apontou o desemprego como a principal causa do aumento da pobreza na cidade. No entanto, vê com otimismo a retomada da economia. Ela citou como exemplo a volta da realização de eventos e festas, que gera centenas de empregos formais e temporários e têm empregado garçons, copeiros, cozinheiros, seguranças e diversos outros profissionais que perderam sua renda durante a pandemia.

FILAS 

Em relação às filas na porta da secre-taria, Vera explicou que grande parte das pessoas buscam por informações que a pasta não possui: “A secretaria não possui nenhuma informação sobre o programa Auxílio Brasil, não temos acesso à lista de contemplados, nem os valores dos benefícios de cada família. Tínhamos o controle sobre o Bolsa Família, mas, com a substituição, as informações devem ser buscadas nos aplicativos disponibilizados pelo governo federal (Auxílio Brasil e Caixa Tem) ou na própria agência da Caixa Econômica Federal”, explicou a secretária.

O Folha da Mata conversou com algumas pessoas que aguardavam na fila, na sexta-feira, 26, e muitas relataram que estavam ali para se cadastrar ou atualizar o cadastro no CadÚnico, na esperança de serem contempladas com o novo auxílio federal. Para esse grupo, a secretária informou que já é possível realizar o agendamento para atualização dos dados por telefone. A secretaria atende pelo telefone 3892-7004.