Paralisação da maternidade do HSS é cancelada após acordo e aporte extra da Prefeitura

Prefeitura de Viçosa confirmou repasse extra de R$ 500 mil para pagamento de uma parte da dívida com os médicos e também aquisição de equipamentos

Paralisação da maternidade do HSS é cancelada após acordo e aporte extra da Prefeitura

A paralisação dos médicos da maternidade do Hospital São Sebastião (HSS), que estava prevista para iniciar neste sábado, 25, não acontecerá. Em uma atualização na manhã desta sexta-feira, a coordenadora médica da maternidade, Lorena de Moraes Oliveira, informou ao Folha da Mata que foi alcançado um acordo com a administração do hospital e a prefeitura.

A reunião entre os médicos da maternidade, a administração hospitalar e a Prefeitura de Viçosa aconteceu na noite de ontem, 23, quando o secretário de Saúde, Rainério Rodrigues Fontes, teria anunciado um aporte extra de R$ 500 mil para o HSS.

“Conseguimos entrar em um acordo. Seguiremos a prestação de serviço. A prefeitura vai repassar o valor dos nossos plantões em atraso e uma verba para aquisição de novos equipamentos. A dívida do hospital com a equipe será parcelada em alguns anos”, explicou a médica. A dívida, que ultrapassa R$ 300 mil, será parcelada, permitindo um alívio financeiro para a equipe médica.

O secretário de saúde, Rainério Rodrigues Fontes, confirmou as informações e destacou os esforços da prefeitura para evitar a interrupção dos serviços: “Mesmo com todos os serviços da contratualização com o hospital em dia, vamos fazer um aporte financeiro extra para que não haja vazio assistencial. Serão destinados R$ 200 mil para pagamento de plantões e R$ 300 mil para a compra de equipamentos. Ressalto que estamos com todos os repasses contratuais em dia e estamos ultrapassando nossos limites, fazendo todos os esforços orçamentários”, ressaltou Rainério.

A coordenadora da maternidade salientou que o hospital ainda não conseguiu viabilizar o segundo plantonista. O ideal são dois médicos trabalhando simultaneamente, pois, durante os partos, as outras demandas ficam sem atendimento. Lorena agradeceu o trabalho da vereadora Jamille Gomes (PT), que tem feito um movimento em busca de apoio das cidades da região. Nos últimos dias, ela visitou diversos prefeitos na tentativa de sensibilizá-los sobre essa demanda e tem defendido uma solução via Cismiv (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Microrregião de Viçosa).

Contexto 

A paralisação anunciada pelos médicos vinha sendo discutida desde o final de abril, quando uma carta foi enviada ao Ministério Público de Minas Gerais, à administração do HSS, aos diretores técnico e clínico do hospital, à Secretaria de Saúde de Viçosa, à Superintendência Regional de Saúde e ao Conselho Regional de Medicina. No documento, a equipe de plantonistas da maternidade destacou uma série de problemas estruturais e operacionais que comprometiam a segurança e a qualidade do atendimento às gestantes e recém-nascidos.

Entre as principais queixas dos médicos estavam a falta de recursos humanos e equipamentos essenciais. Apenas um obstetra atendia gestantes de aproximadamente nove municípios da microrregião de Viçosa durante turnos de 12 horas, levando a uma sobrecarga insustentável. Além disso, os plantonistas relataram a precariedade dos equipamentos, como a escassez de cardiotocógrafos e monitores multiparamétricos de adulto, e a falta de ultrassonografias obstétricas diárias.

A insegurança financeira e os atrasos recorrentes nos pagamentos também foram denunciados. A equipe médica não recebia pelos partos e cirurgias realizados há mais de um ano e meio, o que impactava significativamente as condições de subsistência dos profissionais.