Oportunidade jogada no lixo

Invasões e falta de fiscalização deixam mais distante o sonho de Viçosa vir a ter uma nova via plana, cortando a cidade de norte a sul

Oportunidade jogada no lixo

O potencial para construção de um novo modelo de mobilidade urbana em Viçosa está sendo menosprezado pelas autoridades. Acontece que o trecho de quase 10 quilômetros da antiga linha férrea que corta vários bairros da cidade, o centro e toda a extensão do Campus da UFV está sendo invadido, aos poucos, por pessoas que veem ali uma oportunidade de aumentar o seu  terreno  até mesmo construir sua morada. No leito poderia ser construída uma nova via totalmente plana, que cortaria a cidade de norte a sul.

Ao invés de fiscalizar e impedir que as invasões ocorram, os órgãos públicos terão que, no futuro, pedir na Justiça o desimpedimento das áreas invadidas, para que possam servir novamente à comunidade.

Mas, desativada desde 1996, a malha ferroviária centro-oeste, assumida pela Ferrovia Centro-Atlântica S.A. (FCA), vem, sistematicamente, sendo invadida em sua faixa de domínio onde construções invasoras surgem da noite para o dia, sem nenhum tipo de fiscalização.

Abandonadas e sem nenhuma manutenção, tanto por parte das empresas concessionárias quanto por parte do Denit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), as linhas férreas passaram a ser alvo de invasões, depredações e muitos roubos do Patrimônio Público Federal.

Uma das várias campanhas para o aproveitamento da via foi comandada pelo saudoso arquiteto da UFV Aguinaldo Pacheco, que projetava a construção de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), para transporte de passageiros, o que nunca foi permitido pela FCA. Em 1994, o Projeto Uni-Cidade (DAU/UFV) previu que uma composição com máquina e dois vagões (dotados de teatro e salas de aula e oficinas móveis) iriam espalhar arte, cultura  e conhecimento ao longo da Estrada de Ferro Leopoldina. A Prefeitura ganhou os vagões que vieram a apodrecer anos depois no pátio de Ponte Nova.

Em 2013, com a assinatura da Portaria 4131, da ANTT, as linhas foram devolvidas, oficialmente ao Denit, mas de nada adiantou porque o patrimônio ferroviário continuou abandonado e sendo sistematicamente destruído, roubado e invadido e entre as cidades de Ponte Nova e Rio Doce, até uma ponte de metal de 40 metros de comprimento foi furtada.

O potencial para construção de um novo modelo de mobilidade urbana em Viçosa está sendo menosprezado pelas autoridades. Acontece que o trecho de quase 10 quilômetros da antiga linha férrea que corta vários bairros da cidade, o centro e toda a extensão do Campus da UFV está sendo invadido, aos poucos, por pessoas que veem ali uma oportunidade de aumentar o seu terreno até mesmo construir sua morada. Puxadinhos de todos os tipos já estreitam o leito da ferrovia e em alguns pontos, os mais espertos chegam a fechar totalmente a passagem da população e pegam pra si a posse do local, onde poderia ser construída uma nova via totalmente plana, que cortaria a cidade de norte a sul.Resta a esperança de se ver as autoridades tomarem as rédeas deste projeto e entregar à população uma grande obra de infraestrutura e mobilidade urbana, que a cidade tanto necessita.