Intervenção administrativa completa dois meses e já traz mudanças nos hospitais de Viçosa

Intervenção administrativa completa dois meses e já traz mudanças nos hospitais de Viçosa

Os hospitais São João Batista (HSJB) e São Sebastião (HSS) estão vivendo um momento de transformação, completando dois meses desde o início da intervenção administrativa, que visa reorganizar a gestão e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população. A empresa responsável pela execução desse trabalho, a Health Consultores Associados, iniciou suas ações em 21 de outubro de 2024 e, com o apoio da comunidade e das equipes internas, já conseguiu implementar mudanças significativas.

Em entrevista ao jornal Folha da Mata nesta semana, a diretora da Health Consultores Associados, Elis Regina Guimarães, fez um balanço das ações realizadas até o momento. Segundo ela, uma das principais dificuldades iniciais foi a falta de informações precisas tanto na área administrativa quanto assistencial.

“Não tínhamos como decidir o que pagar, pois não havia um fluxo de caixa organizado. A primeira ação foi implantar um fluxo de caixa anual, com orçamentos detalhados, e renegociar os contratos com o município e os planos de saúde”, explicou Elis Regina. 

A reestruturação também focou no restabelecimento dos serviços que estavam interrompidos. “A grande dificuldade era o pagamento em dia dos médicos, o que impactava no retorno das especialidades aos hospitais. Começamos a regularizar os pagamentos e, gradualmente, as especialidades começaram a ser retomadas”, afirmou.

No pronto atendimento do Hospital São Sebastião, por exemplo, já são oferecidas seis especialidades, apesar da estrutura ainda estar em fase de planejamento arquitetônico com a UFV. Elis confirmou também que no início de fevereiro uma nova portaria para internação será criada no Hospital São Sebastião.

Outro ponto importante abordado pela diretora foi a receptividade dos funcionários. Segundo ela, mesmo com o ritmo acelerado e a introdução de novos métodos de trabalho, as lideranças das equipes estão acreditando nas mudanças e nas perspectivas de um futuro mais sustentável para as unidades de saúde. “Há um olhar de apreensão, mas também uma confiança crescente de que as transformações estão trazendo melhorias a longo prazo. Não tínhamos como decidir o que pagar, pois não havia um fluxo de caixa organizado”, completou.

No que diz respeito à reestruturação financeira, a situação ainda apresenta desafios. A falta de informações claras sobre as dívidas e o montante real das pendências financeiras é um obstáculo. “Estamos negociando tributos e empréstimos, além de buscar apoio em Brasília e junto aos vereadores para obter receitas não operacionais que ajudem a cobrir o déficit”, destacou.

Estruturalmente, várias mudanças estão em andamento. A ampliação do CTI do Hospital São Sebastião, que passará de seis para dez leitos, e a reforma do pronto atendimento estão entre as ações mais significativas. Além disso, a instalação de um serviço de hemodinâmica está sendo planejada, para atender a demandas de alta complexidade, e a usina própria de oxigênio do Hospital São João Batista, que oferecia riscos assistenciais, já está sendo substituída.

Com relação à integração das áreas de competência dos dois hospitais, Elis Regina informou que o redesenho da assistência está praticamente concluído e que novas reuniões com a Prefeitura de Viçosa estão previstas para o final de janeiro, com o objetivo de alinhar as ações de atenção primária e secundária à saúde.

Outro aspecto relevante é a parceria em gestação com o Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), de Ponte Nova, para a implementação de um serviço de quimioterapia no Hospital São João Batista. Embora ainda não seja possível detalhar como o serviço será estruturado, a expectativa é que em breve Viçosa conte com esse importante recurso para a população.

O próximo grande passo será a conclusão do planejamento estratégico, que deve consolidar as diretrizes para os próximos meses e garantir um futuro mais sólido para as duas instituições. A intervenção tem um prazo inicial de dois anos. Em outubro de 2026, a gestão das duas instituições deve ser devolvida a seus conselhos administrativos.