Encontro na Câmara discutiu a situação do negro

Encontro na Câmara discutiu a situação do negro

A Prefeitura de Viçosa, a Câmara Municipal e a ONG Atitude Afirmativa realizaram, na sexta-feira, 13, o encontro “Viçosa na estrada pela cidadania”, no Plenário da Casa Legislativa. O objetivo foi discutir a realidade atual do negro em sua inserção na sociedade. O evento contou com grande participação popular e teve ainda apresentações culturais na Praça Silviano Brandão.
Presentes na mesa de debates o prefeito Ângelo Chequer, a presidente da Câmara, Marilange Santana Pinto Coelho Ferreira (PV), os vereadores Geraldo Luís Andrade (Geraldão) (PTB), Geraldo Deusdedit Cardoso (Geraldinho Violeira) (PSDC) e Paulo Roberto Cabral (Paulinho Brasília) (PTC), a secretária municipal de Cultura, Patrimônio Histórico e Esportes, Cíntia Fontes Ferraz, o presidente da ONG Atitude Afirmativa, Juvenal Araújo, e o historiador e professor José do Carmo.
Para o historiador José do Carmo, autor do livro “Sociedade e Raça: África e os Povos Bantos”, “Muitas pessoas acham que os africanos são todos iguais, mas na verdade existem muitas etnias, muitos povos. A sociedade precisa começar a entender o que é a África e o que é o povo negro”. E lembrando que o Brasil tem a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria, disse que “Ainda assim existem situações criadas para encobrir racismo. Somos tratados como minoria. Na realidade, a todo o momento tenta-se desconstruir tudo aquilo que o negro fez para este país”.
José do Carmo, em sua palestra, apresentou dados do Mapa da Violência no Brasil que, segundo ele, um dos dados mais utilizados, apontando que “Em 2001 foram assassinados 19.735 pessoas brancas e, no mesmo ano foram assassinadas 28.015 pessoas negras. Já em 2011, foram 14.435 pessoas brancas assassinadas, enquanto que 37.549 negros foram assassinados neste mesmo ano”. Ele também abordou a questão dos padrões de beleza, dizendo que “o negro, mesmo sendo a maioria da população brasileira, não é o padrão de beleza. Desde cedo nossas crianças aprendem que cabelo crespo é cabelo ruim. A cor da pele ainda faz diferença no Brasil”. Ao fim de sua fala, Juvenal propôs três medidas que, segundo ele, “seriam de grande importância para alcançar avanços: a discussão permanente do tema, a criação de uma frente parlamentar de promoção da igualdade racial e a criação do Conselho Municipal de promoção da igualdade racial”.
Após as palestras, os presentes se dirigiram à Praça Silviano Brandão, onde foram realizadas apresentações culturais com um grupo de Congados e os grupos Perifonia e Brassamba.