Festas Juninas

Por padre Paulo Dionê

Festas Juninas

Neste Ano Santo da Redenção, como Peregrinos da Esperança, olhemos com ternura para aqueles santos que, com altos níveis de popularidade e uma persistência capaz de ultrapassar séculos, são festejados de geração em geração, recebendo a atenção até de perfis pouco afeitos à leveza que se possa dar à vida. Eles fazem a alegria das festas juninas.

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA OU DE LISBOA
Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo nasceu em Portugal, em 15 de agosto de 1195. Martinho, seu pai, era prefeito de Lisboa. Sua mãe, Teresa, pertencia à alta nobreza. No lar recebeu boa instrução moral, científica, religiosa e muito conforto. Aos poucos, percebeu que a vida de riqueza não lhe agradava e sentiu o chamado de Deus.

Com apenas quinze anos, já estava no Mosteiro dos Cônegos de Santo Agostinho, onde fez o noviciado e passou a chamar-se Antônio. Transferiu-se para Coimbra, aos vinte anos, quando completou sua formação e foi ordenado presbítero.

A passagem das relíquias dos cinco mártires mortos em Marrocos o fez ingressar na Ordem Franciscana. A saúde não lhe permitiu evangelizar em África, por isso foi para Pádua, onde morreu aos 36 anos, a 13 de junho de 1231. Recebeu os sacramentos e se despediu de todos, cantando o bendito: "Ó Virgem gloriosa que estais acima das estrelas...". Depois ergueu os olhos e disse: "Estou vendo o Senhor".

Canonizado em 13 de maio do ano seguinte, pelo Papa Gregório IX, em 1946 foi proclamado Doutor da Igreja por Pio XII. É padroeiro dos pobres, "milagreiro", "casamenteiro" e do Menino Jesus. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída uma basílica.

SÃO JOÃO BATISTA
Filho de Zacarias e de Isabel, sabemos pelas palavras do Anjo Gabriel que João, cujo nome significa "Deus é propício", foi concebido quando seus pais já estavam em idade avançada. Já predito na Escritura como o precursor do Messias, João tinha o caráter forte de Elias. Sua missão, de fato, é semelhante "no espírito e no poder" àquela do profeta Elias, enviado para preparar "um povo perfeito" para o advento do Messias.

No ventre materno, João percebe a presença de Jesus "estremecendo de alegria" por ocasião da visita de Maria à prima Isabel. Enviado por Deus para "endireitar os caminhos do Senhor", foi santificado pela graça divina antes mesmo que seus olhos se abrissem à luz. "Eis, diz Isabel a Maria, quando tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre.”

Conforme a cronologia sugerida pelo Anjo Gabriel – “este é o sexto mês para Isabel” – o nascimento do precursor foi fixado pela Igreja latina três meses após a Anunciação e seis meses antes do Natal. Além do nascimento de Jesus e de Maria, somente a natividade do Batista é celebrada pela liturgia.

Ele é o último profeta e o primeiro apóstolo, enquanto precede o Messias e lhe dá testemunho. "É mais que profeta", disse Jesus. "É dele que está escrito: eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele preparará o teu caminho diante de Ti.”

SÃO PEDRO E SÃO PAULO
Somos todos chamados a mirar no esplendoroso exemplo dos Apóstolos Pedro e Paulo. Lembram a fé e a evangelização. Sua festa litúrgica ocorre em 29 de junho, data do martírio de ambos, por volta do ano 67.

No prefácio da Missa própria de sua memória, encontramos a síntese da missão que abraçaram: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”.

Eles nos fazem pensar numa comunidade cristã forte na fé, solidificada em Pedro, rocha sobre a qual Cristo edificou sua Igreja, e firme no anúncio, tendo em Paulo, arauto do Evangelho às nações, o fogo que destrói a preguiça missionária.

Com Paulo, de todos os povos um dia haveremos de dizer: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2 Tm 4, 7). No diapasão da Rocha sobre quem Cristo construiu Sua Igreja, prosseguiremos afinados com a essência da fé: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).

Nosso olhar sereno e profundo para estas biografias nos ajuda a descobrir a razão do entusiasmo das festas juninas.