UFV lidera pesquisas para mineração sustentável de lítio no Vale do Jequitinhonha
Estudos sobre recuperação ambiental em áreas de mineração contam contam com financiamento da Fapemig
A Universidade Federal de Viçosa (UFV) está na vanguarda das pesquisas para uma mineração mais sustentável de lítio, mineral estratégico para a transição energética global. Em 2023, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) destinou mais de R$ 6,6 milhões para estudos sobre a extração responsável do lítio, com a UFV desempenhando um papel central nesses avanços.
O pesquisador Ricardo Campos, do Departamento de Biologia Geral da UFV, coordena um dos principais estudos financiados pela Fapemig. Seu projeto, intitulado “Identificação e caracterização morfofuncional de espécies vegetais com potencial de fitorremediação e recuperação de áreas degradadas por mineração de lítio”, explora a utilização de rejeitos de silicato de alumínio para regenerar áreas afetadas pela mineração.
Os testes, conduzidos nos municípios de Araçuaí e Divisa Alegre, contam com a colaboração da Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e envolvem professores e estudantes dos campi de Viçosa e Florestal da UFV. Dois laboratórios, coordenados pelos professores João Paulo de Souza e Cleberson Ribeiro, receberam amostras do silicato de alumínio para testar o crescimento de diversas espécies vegetais.
Os resultados iniciais são promissores. A dissertação de mestrado do estudante Victor Scutari, orientado pelo professor Cleberson Ribeiro, revelou que leguminosas como o tremoço branco e o feijão de porco se desenvolvem bem no silicato de alumínio. Essas plantas têm potencial para ajudar na regeneração de vegetação, preparando o solo para a introdução de novas espécies.
O estudo de Ricardo Campos é parte de um esforço mais amplo do Governo de Minas Gerais para fortalecer a cadeia produtiva do lítio. “Na última semana, o governador Romeu Zema anunciou o aporte de mais R$ 1 bilhão para fortalecer o ecossistema mineiro de inovação até 2026,” destacou o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio.
Apesar do lítio ser considerado um metal verde, sua extração comercial ainda requer atividades de mineração e beneficiamento químico. Campos, no entanto, aponta que o silicato de alumínio não é um rejeito altamente tóxico, apresentando até níveis razoáveis de macronutrientes.
Companhia colabora por atividade sustentável
Para o diretor da CBL, Vinícius Alvarenga, o investimento e a colaboração com pesquisas científicas são essenciais para o desenvolvimento sustentável de Minas Gerais. A empresa de lítio é conhecida pelos trabalhos que realiza junto à comunidade e ao meio ambiente onde atua.
“Temos convênios tecnológicos em andamento com várias instituições de ensino que podem trazer benefícios a nossa empresa em termos de otimização de processos e sustentabilidade, além de fortalecer as instituições de ensino, irradiar conhecimento e preparar futuros talentos para nossos quadros”, destaca.
“Aportamos recursos para trabalhos acadêmicos e bolsas para os estudantes. Os convênios envolvem principalmente temas de aplicação de resíduos ou rejeitos na construção civil e agricultura, gestão hídrica e caracterização ambiental”, explica o diretor, reforçando um dos compromissos da empresa de apoiar pesquisas na área da mineração.
O Vale do Lítio
Em maio, o estado comemorou um ano da implementação do projeto do Governo de Minas Vale do Lítio. O complexo industrial e tecnológico localizado no Vale do Jequitinhonha, dedicado à extração, processamento e pesquisa desse mineral, tem entre seus propósitos o desenvolvimento de cidades do Norte e Nordeste de Minas a partir do potencial da cadeia produtiva do lítio.
“A Fapemig e os pesquisadores mineiros estão muito preocupados e comprometidos com a geração de valor na cadeia do lítio. Nos últimos anos, tivemos diversos projetos que receberam recursos substanciais da Fundação em diferentes chamadas junto às academias e às empresas”, destaca o presidente da Fapemig, Carlos Arruda.
A contribuição da Fapemig dentro do projeto estadual ocorre por meio do financiamento de projetos de pesquisa que buscam, entre outros, maior sustentabilidade na extração e no processamento do mineral.
O Vale do Lítio foi concebido pelo Governo de Minas para aproveitar o recurso natural, criando um polo de desenvolvimento econômico que hoje gera empregos e atrai cada vez mais investimentos privados, fomentando a inovação tecnológica no Estado. Desde sua inauguração, o projeto já atraiu R$ 5,5 bilhões em investimentos privados e gerou 10 mil empregos diretos e indiretos, fortalecendo a economia local e nacional.
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