Técnicos administrativos da UFV aderem à greve nacional contra terceirizações a partir do dia 11

Sem poder realizar concurso para diversos cargos, UFV já gasta R$ 35 milhões por ano com funcionários terceirizados e não faz concurso

Técnicos administrativos da UFV aderem à greve nacional contra terceirizações a partir do dia 11

Servidores da carreira técnico-administrativa da UFV (Universidade Federal de Viçosa) anunciaram que vão aderir à greve nacional convocada pela Fasubra, entidade que representa os trabalhadores técnico-administrativos em instituições públicas de Ensino Superior em todo o país.

Em um ofício enviado ao reitor Demetrius David da Silva na última quarta-feira (6), o presidente da ASAV (Associação dos Servidores Administrativos da UFV), Evaristo Luciano Rosa, anuncia que os sindicalizados estarão em greve geral, por tempo indeterminado, a partir da próxima segunda-feira (11).

A greve foi aprovada pelos sindicalizados de Viçosa em assembleia realizada no último dia 5, seguindo a orientação nacional da Fasubra. A reportagem entrou em contato com o sindicato para saber quantos técnicos administrativos devem aderir à greve e aguarda retorno.

Reivindicações

O principal motivo da greve é o avanço da terceirização que, para os sindicalistas, representa o sucateamento das universidades públicas. Também está em pauta grevista reivindicações por melhorias na carreira e também nos salários.

Em uma carta à comunidade viçosense, a ASAV expressou sua preocupação com as condições de trabalho e os salários dos técnicos administrativos das universidades federais. Denunciando um período de seis anos sem reajustes salariais, a associação criticou o governo federal, destacando a falta de sensibilidade em relação aos servidores.

O documento ressalta o contexto de desvalorização dos trabalhadores, que enfrentam não apenas a estagnação salarial, mas também o avanço da terceirização e do sucateamento das instituições de ensino superior públicas.

Além disso, a carta destaca os resultados das negociações entre o Governo Federal e a bancada sindical, que resultaram na manutenção da posição de reajuste zero por parte do governo, enquanto benefícios como auxílio alimentação, saúde e creche receberam propostas de aumento insuficientes.

UFV confirma sucateamento

Em dezembro de 2023, o Folha da Mata noticiou em sua versão impressa que o reitor da UFV, Demetrius David da Silva participou do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Planejamento e de Administração das Instituições Federais de Ensino Superior, onde chamou a atenção para a necessidade de reposição, nas universidades, dos cargos efetivos extintos ou vedados de concursos públicos.

Na avaliação do professor Demetrius, além de trazer consequências para o funcionamento das Instituições Federais de Ensino Superior, a extinção de cargos e a não realização de concursos impactam, de maneira crescente, o orçamento das universidades. Ele explica que isso acontece porque as universidades acabam deslocando parte de seus recursos, já reduzidos, para a contratação de mão de obra terceirizada. Já há, segundo o reitor, instituições com mais de 60% de seu orçamento comprometido com o pagamento de terceirizados.

A decisão de extinguir ou vedar concursos para algumas funções do serviço público federal consta em uma lei publicada em 1998 e em três decretos assinados pelo último governo federal: um em 2018 e dois em 2019. Por meio dessas decisões, ficaram proibidos concursos para cerca de 20 mil cargos do MEC (Ministério da Educação) e de suas instituições federais de ensino.

Somente em 2023, conforme a PGP (Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas), houve na UFV 69 aposentadorias de técnicos administrativos. Nos últimos cinco anos, 419 técnicos administrativos se aposentaram, dos quais somente 101 cargos puderam ser preenchidos.

Custo com terceirizações

Com a extinção e vedação de cargos nos últimos 25 anos, a UFV tem um custo médio anual em torno de R$ 35 milhões com 705 funcionários terceirizados que atuam nos três campi.

E esta situação tende a se agravar, na avaliação do professor Demetrius, considerando que a instituição tem, atualmente, 392 servidores em condição de aposentadoria. Desses, 311 ocupam cargos extintos e 45 cargos vedados para concurso. Somente 36 poderão ser repostos, o que representa 9%. “Está aí mais um grande desafio que as instituições federais de ensino superior precisam debater com o governo federal, não somente para minimizar os impactos sobre os orçamentos já enxutos, mas também para evitar perdas na qualidade de suas atividades”.

Vale destacar que, atualmente, a UFV conta com cerca de 3.200 servidores, entre técnicos e docentes, nos seus três campi.