Reunião em Brasília cobra complementação de recursos para os hospitais de Viçosa

Estudo da Federação das Santas Casas de MG mostram que os hospitais de Viçosa gastam mais de R$ 60 milhões por ano com o SUS, mas Governo Federal financia apenas metade desse valor

Reunião em Brasília cobra complementação de recursos para os hospitais de Viçosa
Comitiva de Viçosa foi recebida no Ministério da Saúde

Autoridades de Viçosa fizeram, nesta semana, o que deveriam ter feito há muito tempo. Uma comitiva composta pelo prefeito, secretário de saúde, vereadores e representantes dos hospitais foram até o Ministério da Saúde (MS) solicitar a atualização dos valores repassados aos hospitais.

A reunião em Brasília aconteceu na terça-feira, 11, onde representantes do MS receberam o prefeito Raimundo Nonato Cardoso (PSD); o secretário de Saúde, Rainério Rodrigues Fontes; os vereadores Marco Cardoso e Marcos Fialho; o presidente da Fundação Assistencial Viçosense (FAV-HSJB), Julismar Marques; e o diretor-administrativo do Hospital São Sebastião (HSS), Ronaldo Oliveira. A reunião foi intermediada pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT), que também esteve presente.

Durante o encontro, a delegação cobrou a incorporação de recursos financeiros para o Teto Financeiro Federal de Média e Alta Complexidade (Teto MAC) para os hospitais São Sebastião e São João Batista. A solicitação, já aprovada pela Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde do Estado de Minas Gerais (CIB-SUS/MG), visa um aporte total de R$ 28 milhões por ano, valor que supera os déficits anuais identificados nas duas instituições.
O secretário Rainério saiu esperançoso do encontro. Segundo ele, uma portaria oficializando a decisão deve ser publicada no próximo mês. “Talvez a gente não consiga 100% do recurso solicitado, mas é muito provável que seja um valor bem aproximado”, informou o secretário.

Para Lembrar

Em fevereiro deste ano, o Folha da Mata publicou números de um estudo inédito que identificou uma diferença de aproximadamente R$ 27 milhões entre o valor repassado pelo MS aos hospitais de Viçosa e o valor que deveria ser repassado para cobrir todas as despesas do SUS.

Na época, em uma reunião no MPMG (Ministério Público de Minas Gerais), prefeitos e secretários de saúde da microrregião tiveram acesso aos dados e foram provocados a formarem a mobilização em prol dessa atualização. O promotor Luís Cláudio Fonseca Magalhães, curador da Saúde, recomendou a formação de uma comitiva microrregional para sensibilizar a classe política em Brasília.

Após a reunião, o CIB-SUS/MG aprovou a solicitação de incorporação de recursos financeiros para Teto MAC do município de Viçosa. O pleito é referente à complementação de custeio dos hospitais HSS e HSJB, com valores de R$ 12.835.691,40 e R$ 15.239.858,27, respectivamente.

Números

O estudo sobre os déficits apresentado pela Federassantas (Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de MG) revela que, no HSJB, a receita proveniente do SUS totalizou R$ 16,4 milhões em 2022, enquanto os custos alcançaram R$ 30,5 milhões, resultando em um déficit de R$ 14 milhões. Já no HSS, os repasses do SUS atingiram R$ 17,3 milhões, enquanto os custos foram de R$ 30,1 milhões, gerando um déficit de R$ 12,7 milhões.

Segundo o estudo, essas diferenças são consequência de uma disparidade entre os custos reais dos serviços prestados e os valores repassados pelos órgãos governamentais, especialmente o governo federal. Na oportunidade, o superintendente da Federassantas, Adelziso Vidal, destacou que o financiamento do Ministério da Saúde costuma cobrir até 70% dos custos reais dos hospitais, quando devidamente apresentados. Aplicando essa proporção, o financiamento do SUS para os hospitais de Viçosa deveria ser de R$ 32,9 milhões para o HSJB e R$ 30,7 milhões para o HSS, tornando essas instituições superavitárias.