Polícia Federal prende dois funcionários por envolvimento e desvio de verbas na UFV

A manhã desta quarta-feira, 20, foi de muita agitação em Viçosa, especialmente no campus da UFV, quando por volta das 6 horas, policiais federais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão, oito de condução coercitiva e dois de prisão preventiva um contra o motorista, Ronaldo Marcos, e outro em desfavor de Antônio Inácio, funcionário do armazém do Restaurante Universitário.
A operação batizada de “Recanto das Cigarras” envolveu 70 policiais federais em investigação criminal que apura envolvimento de servidores públicos em desvio de recursos provenientes do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES).
Segundo o chefe da Delegacia de Polícia Federal de Juiz de Fora, Ronaldo Guilherme Campos, as investigações começaram no mês de junho revelaram a existência de funcionários da UFV que estariam desviando gêneros alimentícios dos estoques, armazéns e do Restaurante Universitário (RU) há anos, causando um prejuízo de cerca de 2 milhões de reais por ano.
Várias pessoas foram ouvidas e policiais federais fizeram varreduras no RU e nos três frigoríficos do campus, onde estavam armazenadas três toneladas de carnes diversas que foram catalogadas e vistoriadas. Os policiais encontraram cerca de 280 quilos de steak (carne processada) de frango, com prazo de validade vencido. Os produtos estavam no RU, onde passaram do tempo de serem consumidos, tendo sido devolvidos ao frigorífico para descarte.
Segundo informações repassadas pela polícia ao Folha da Mata, os alimentos vencidos e apreendidos podem ter sido estocados pelos suspeitos nos armazéns da UFV. Eles vendiam os alimentos que estavam dentro do prazo de validade e colocavam alimentos vencidos no lugar, para não levantar suspeitas.
O delegado explicou que devido à abrangência da operação, ela continuará nos próximos dias, com interrogatórios e exames periciais e contábeis nos estoques não perecíveis, nas câmaras frias e no estoque semanal do Restaurante Universitário. Ainda de acordo com ele, os investigados foram afastados, compulsoriamente, de suas funções, com restrição de acesso à UFV para não atrapalhar as investigações. Eles ainda podem responder por peculato e associação criminosa com penas que podem variar de 1 a 12 anos de reclusão.
Em nota, a direção da Universidade informou que a ação da Polícia Federal se deu por denúncias da própria UFV, por caber a ela – Polícia Federal – as averiguações de situações dessa natureza. Ainda de acordo com a nota, a reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares afirmou que “a administração da Universidade Federal de Viçosa sempre zelou pela gestão de seus recursos orçamentários e patrimoniais e que, em função disso, tem adotado as medidas necessárias para que haja maior controle não apenas no Restaurante Universitário, mas também em todos os outros ambientes da Universidade”. Ela acrescentou “que está prestando todas as informações solicitadas pela Polícia Federal, colocando-se à disposição para quaisquer esclarecimentos”.
O delegado não revelou a identidade dos outros envolvidos e informou apenas que dois envolvidos cumprirão a prisão em seus domicílios, até segunda ordem da Justiça.