Polícia Civil cumpre mandados de prisão em Viçosa

Presos são investigados por envolvimento no assassinato do pontenovense Gabriel. A polícia investiga se incêndio a coletivo tem relação com as prisões

Polícia Civil cumpre mandados de prisão em Viçosa

A Polícia Civil prendeu sete pessoas na manhã de ontem, suspeitas de envolvimento no assassinato do jovem Gabriel Oliveira Maciel, na época do crime, com 17 anos de idade.
Policiais de Belo Horizonte, Viçosa, Leopoldina, Cataguases, Ponte Nova, Ubá, Rio Pomba, Teixeiras, Ervália e Visconde do Rio Branco realizaram, na manhã desta quarta-feira, 20, a Operação Arcanjo, para cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão.
Foram presos por cumprimento de mandado de prisão preventiva de 30 dias os suspeitos Aridalto Aparecido Lucas, Ernécio Júnior Bhering, Gilberto Carlos da Silva Soares, João Paulo Gonçalves de Paula, Júlio Adão de Campos e Marcus Vinicius Gonçalves de Paula.
O delegado de Polícia Civil de Belo Horizonte, Sérgio Paranhos, responsável pela condução do inquérito policial, explicou que as investigações continuam, de forma sigilosa, a fim de determinar a conduta de cada um dos suspeitos no crime.
Familiares dos acusados disseram ao Folha da Mata que todos os presos são inocentes e que a Polícia está, a todo custo, tentando solucionar o crime e, para isso, estão incriminando inocentes.

Investigações
Após sair da calourada “Entornando o Béquer”, uma festa com cerveja liberada, que aconteceu no Sítio do Lino, em Cajuri (nas proximidades do distrito viçosenses de São José do Triunfo), Gabriel foi visto caminhando na estrada que liga o local da festa ao centro de Viçosa. Imagens de câmeras de segurança de comércios que ficam ao longo daquela estrada revelaram à polícia que um grupo de pessoas o perseguia e ele andava apressado, com um celular na mão.
Nas mesmas imagens os investigadores identificaram um veículo Gol, que foi apreendido e nele encontrados vestígios de sangue, que pertence a Gabriel. O celular da vítima foi encontrado próximo ao cemitério daquele distrito.
Noutra ponta da investigação a polícia conseguiu apreender uma arma em São José do Triunfo, durante a prisão de bandidos envolvidos noutro crime. O revólver foi submetido a exame balístico que, segundo a polícia, comprovou-se ser a mesma arma que disparou o projétil que foi retirado do crânio da vítima.

O CRIME
Gabriel veio a Viçosa na sexta feira, 6 de março, para participar de uma calourada e disse para a mãe que voltaria na manhã de sábado. Como ele não ligou para casa nem atendeu o celular, a mãe ligou para a polícia de Viçosa à procura de alguma informação sobre o paradeiro do jovem que, após muita especulação e denúncias falsas, foi encontrado morto na tarde de segunda-feira seguinte.
A polícia constatou que o corpo de Gabriel apresentava um ferimento profundo na cabeça, produzido por disparo de arma de fogo.
Ainda segundo informações repassadas pela polícia, amigos de Gabriel prestaram depoimento na Delegacia de Polícia e confirmaram que o jovem não conseguiu embarcar no ônibus, depois de um tumulto na porta do coletivo e, por isso, foi embora a pé. Os depoentes acrescentaram que iniciaram as buscas pelo corpo de Gabriel na noite de sábado. Depois de muita procura, já na tarde de segunda-feira, quando estavam nas proximidades do campo do Couceiro, onde abordavam as pessoas e mostravam a elas cartazes com a foto do desaparecido, um senhor revelou a eles ter sentido forte mau cheiro quando passava pela estrada que liga a BR-120, passando pela horta da UFV, ao Departamento de Veterinária. Os jovens foram ao local, encontraram o corpo e acionaram a polícia.
O corpo foi encontrado no final da tarde, na região da Horta da Universidade Federal de Viçosa. O corpo estava numa vala, à beira da estrada. Amigos da vítima reconheceram Gabriel pelo porte físico e por uma pulseira que ele usava na festa. O corpo estava em avançado avançado de decomposição e estava totalmente nu.
Os organizadores da festa alegaram que o adolescente apresentou uma identidade falsa para conseguir entrar no evento, que é proibido para menores de 18 anos.
A mãe de Gabriel disse à polícia que ele saiu de casa, em Ponte Nova, para se encontrar com sua namorada em Viçosa e juntos, foram à festa. Ela informou ainda que ele teria dito que voltaria para casa, em Ponte Nova, no primeiro horário de ônibus, porque tinha cursinho às 10 horas. A mãe conta que às 7 horas da manhã de sábado, estranhando que o rapaz não aparecera, ela tentou falar com ele pelo celular, mas ele não atendeu. Logo em seguida ela recebeu uma ligação do celular dele, mas apenas ouviu gemidos. A mãe, desesperada, disse que tentou ligar outras vezes, sem sucesso. Ela esteve na Delegacia de Viçosa na manhã de segunda-feira, para acompanhar as investigações.
Gabriel cursava o terceiro ano do ensino médio no Colégio Salesiano Dom Helvécio, em Ponte Nova. Ele era filho único.

RETALIAÇÃO
Um ônibus da Viação União foi incendiado por bandidos por volta das 9 horas da manhã de ontem, quarta-feira, 20, na estrada que liga o distrito de São José do Triunfo a Viçosa. Segundo testemunhas, um adolescente deu sinal de parada ao motorista. Ao parar, outros dois bandidos saíram de um matagal, de arma em punho e com um galão de gasolina nas mãos e entraram no ônibus anunciando que iriram incendiar o veículo. Todos saíram sem se ferir, antes que as chamas tomassem conta do coletivo.
Segundo a polícia, a ação pode ter sido uma retaliação dos bandidos de São José do Triunfo, pelas prisões realizadas pela polícia naquela distrito, pela manhã. Outras testemunhas revelaram ao Folha da Mata que três jovens já haviam tentado assaltar o mesmo ônibus na semana passada.
Bombeiros estiveram no local e debelaram as chamas, depois que elas já haviam destruído o ônibus.
Funcionários da Viação União estiveram no local e trocaram as rodas do coletivo e o rebocaram para a garagem da empresa.
Pouco tempo depois, duas pessoas foram presas pela polícia, acusadas de envolvimento no crime. Uma delas, o frentista de um posto de combustíveis, que vendeu a gasolina aos marginais. O outro, um adolescente, que acabou confessando o crime e delatando seus comparsas.