Pesquisadores da UFV aprimoram técnica para facilitar transporte de peixes ornamentais

Protocolo combina óleo de cravo e sal comum para garantir bem-estar dos peixes durante transporte de longa duração

Pesquisadores da UFV aprimoram técnica para facilitar transporte de peixes ornamentais
Divulgação/UFV

O estado de Minas Gerais é responsável por 70% da produção nacional de peixes ornamentais, mais especificamente a região de Muriaé, na Zona da Mata mineira, é a maior produtora de peixes como carpas coloridas, peixes-beta e kinguios no Brasil. Embora a demanda seja crescente, o setor enfrenta o desafio de assegurar a saúde, a beleza e o bem-estar dos peixes durante o transporte, sobretudo, para regiões distantes. 

Agora, uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da UFV chegou à formulação de um protocolo que usa aditivos naturais para garantir o conforto dos peixes durante o transporte de longa duração. O trabalho foi realizado pela pesquisadora Karina Ventura Boechat Martins para a sua dissertação de mestrado, orientada pelo professor Jener Alexandre Sampaio Zuanon.

No início, eles analisaram a eficácia e a segurança da utilização de dois aditivos frequentemente indicados para a piscicultura: o óleo de cravo-da-Índia e o sal comum. “O sal é muito usado, porque reduz o gasto de energia com osmorregulação e estimula a secreção de muco pelas brânquias, prevenindo lesões decorrentes dos manejos a que os peixes são submetidos. Normalmente, são utilizadas dosagens sem precisão, sem segurança, mas a tolerância dos peixes ao sal, varia de espécie para espécie”, explicou Karina. Já o óleo de cravo é indicado em literatura especializada sobre o tema, mas ainda não é muito adotado na prática da piscicultura.

Nos experimentos, os pesquisadores avaliaram as respostas de estresse e estresse oxidativo nas carpas ornamentais, transportadas com estes dois produtos juntos e separados. Eles observaram que a utilização apenas do óleo de cravo não se mostrou completamente segura. “O óleo piora a qualidade da água, com o aumento da amônia, causando danos oxidativos nas brânquias e no fígado dos animais”, disse o professor Jener. Por sua vez, o sal comum sozinho, usado na dosagem de 3 gramas por litro, reduz a amônia da água e diminui a resposta ao estresse causado pelo aumento de glicemia nos peixes. No entanto, os pesquisadores concluíram que seu uso isolado não é recomendado, pois também causa danos oxidativos ao fígado e às brânquias. O estresse pode levar à morte e a perdas econômicas importantes para os produtores.

"Tais efeitos ainda não haviam sido relatados anteriormente na literatura, o que já é uma contribuição para a melhoria da produtividade dos peixes ornamentais”, ressaltou Jener Zuanon. Para o trabalho, os pesquisadores avaliaram respostas de estresse (glicose), qualidade de água (pH, temperatura e amônia), além do status oxidativo das brânquias e do fígado, logo após o transporte e respostas de estresse e o status oxidativo das brânquias e do fígado 96h após o transporte.

Os pesquisadores combinaram os dois produtos e testaram várias dosagens até chegar à fórmula de 5 miligramas de óleo de cravo e 3 gramas de sal por litro de água. “Nestas concentrações, os aditivos foram associados a uma melhoria significativa na qualidade da água, o que pode aumentar a taxa de sobrevivência e o bem-estar, durante e após o transporte. Os resultados sugerem que essa abordagem pode ser adotada pelos piscicultores como uma medida eficaz para melhorar os resultados do transporte de carpas, contribuindo, assim, para o sucesso e para a sustentabilidade dessa importante atividade”, disse Karina.

 

Fonte: UFV