Livro narra o pioneirismo da UFV na pós-graduação no Brasil
Professor Ernane Rabelo, neste momento, escreve a biografia do Peter Rolfs; na foto está em frente ao prédio da antiga Escola de Agricultura da Universidade da Flórida, onde P.H. Rolfs era diretor antes de vir para o Brasil. O registro foi feito durante o período de pós-doutorado, na Instituição
Em livro lançado recentemente pela Editora UFV, o professor e jornalista Ernane Rabelo narra como se desenvolveram as estratégias que culminaram na fundação da Pós-Graduação stricto sensu na UFV (Universidade Federal de Viçosa foi o Brasil).
“Em 19 de dezembro de 1961, José de Almeida Soares defendeu a primeira dissertação de stricto sensu, o Magister Scientiae, no Brasil. Era uma terça-feira típica de verão, as atenções estavam voltadas para as compras de Natal e para as tradicionais novenas religiosas. As férias escolares desertavam ainda mais o imenso campus da então Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (Uremg), atualmente Universidade Federal de Viçosa” conta o autor.
“Em 1962, foram entregues os diplomas aos primeiros mestres em Economia Rural do Brasil e no mesmo ano criou-se o programa M.S. em Zootecnia. Entre 1961 e 1970, a Pós-Graduação da Uremg tornou-se imbatível, tendo formado 216 mestres, 59 além da prestigiada Coppe, da então Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, sede do Ministério da Educação. Com apenas três cur-sos de Graduação, ligada ao cambaleante sistema estadual de ensino, baixa remuneração, crônicos atrasos salariais, precário aparato de comunicações e de transportes, e a quase dois dias de viagem da capital, a Uremg saltou à frente de todas as notáveis da época, como a Escola de Piracicaba, a UFMG, a UFRJ, a USP, a UFPE e a UFBA, entre outras” ressalta Rabelo em outro trecho.
O livro “A Pós-Graduação no Brasil: Como uma pequena universidade do interior de Minas Gerais se tornou pioneira na década de 1960” relata que o feito foi o desaguadouro do modelo como foi constituída a antiga Esav, o tripé ensino-pesquisa-extensão implantado por P. H. Rolfs, o “espírito esaviano”, a organização e a disciplina da Escola, a busca pela internacionalização desde a origem da Esav, o convênio de cooperação com a Universidade de Purdue (EUA) e a boa integração do professorado, a dedicação exclusiva e a competência dos servidores.
De acordo com a obra, há grande desconhecimento da história. “O pioneirismo da UFV é praticamente desconhecido nas universidades brasileiras e pelos organismos governamentais de educação e de pesquisa. O próprio Ministério da Educação contribuiu para o apagamento desta história ao promover ampla divulgação de revistas comemorativas que contam a história da pós-graduação sem mencionar o grande feito da UFV” ressalta Rabelo.
O livro conta com prefácio dos ex-reitores Luiz Cláudio Costa e Nilda Soares, e foi dedicado aos fundadores da Pós-Graduação e da UFV.O autor reuniu estudantes do curso de Jornalismo e partiu a campo para entrevistar 61 ex-professores e alunos da Uremg, de vários estados brasileiros e do exterior.
O livro é escrito em linguagem jornalística para atingir o público leigo, não acadêmico, e trata-se de um conjunto de depoimentos, acrescido de dados documentais e citações em livros que atestam a veracidade do pioneirismo ufeviano.
Ao longo dos últimos dez anos, limitações de toda ordem, inclusive na Editora UFV, restringiram o trabalho, mas, felizmente, a UFV ajudou a recompor em 2021 a história do início da pós-graduação iniciada há 60 anos.
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