Faleceu Pélmio Simões de Carvalho, proprietário do jornal Folha da Mata

A família do professor, historiador e jornalista Pélmio Simões de Carvalho, fundador do jornal Folha da Mata, ainda consternada, comunica seu falecimento, ocorrido ontem, quarta-feira, 11.

Seu velório está sendo realizado em sua residência, na Chácara das Palmeiras, em Novo Silvestre, local onde viveu grande parte de sua vida e que tanto amou.

Às 15 horas, seu corpo será levado para o crematório, em Tocantins.

Desde já, a família agradece as mensagens de carinho e conforto recebidas.

Não haverá edição impressa do jornal Folha da Mata nesta quinta-feira.

Relembre a trajetória de Pélmio

Filho de José Simões e Noeme Simões de Carvalho, iniciou o primário (fundamental I) no Grupo Escolar de Coimbra (MG), cidade onde nasceu e aprendeu as primeiras letras, concluindo-o em Viçosa, onde fez também o ginasial e o colegial e se casou com a normalista e empresária Maria do Carmo Soares de Carvalho, com quem teve os filhos Elissa (empresária), Pelminho (administrador e atual diretor do Folha da Mata) Marco Túlio (médico). São seus netos Pedro Rafael e Júlia, filhos de Elissa e William; e Gabriel, Ana Lívia e Maria Clara, filhos de Pelminho e Maria Eunice. 

Gráfico desde a adolescência, "forjou valores, hoje espalhados pelos diversos setores gráficos e de comunicação em Viçosa e cidades circunvizinhas" como destacou publicação da sua posse na Academia de Letras de Viçosa, iniciando sua vida profissional no jornal Cidade de Viçosa, como chefe da oficina gráfica. Foi, juntamente com o Padre Antônio Mendes, fundador e diretor do jornal Folha de Viçosa (Folha da Mata) e participou ainda da criação, redação e impressão de diversos outros jornais, entre eles: O Colegial, O Dinamite, Edelascar e A Cidade.

Professor de História Geral e do Brasil no Colégio de Viçosa e na Escola Normal Nossa Senhora do Carmo, ex-presidente da Associação Comercial de Viçosa, tendo sido membro atuante da Associação dos Donos de Jornais do Interior - Adjori. Membro da Academia de Letras de Viçosa (fundador da Cadeira nº 17, tendo como patrono o jornalista Assis Chateaubriand), militante político filiado ao PMDB, sempre atuou no partido desde os tempos do MDB, movimento de reconhecida importância para a Democracia Brasileira e do qual, como delegado, participou de convenção nacional em Brasília, tendo também assumido cadeira de vereador em Viçosa na Legislatura 1973-1976.

Pélmio Simões de Carvalho

Pelos relevantes serviços prestados à sociedade mineira, recebeu a Medalha da Inconfidência, dentre outras láureas, sobretudo por sua destacada participação na imprensa escrita viçosense. Idealista, Pélmio demonstrou que o respeito à sociedade é maior do que o mercado, que nem sempre manteve o custo da edição do Folha da Mata com anúncios publicitários e matérias pagas. Enquanto empresário, nunca tratou o leitor como consumidor, mas cidadão merecedor de um Jornalismo como serviço público. Manchetes sensacionalistas não foram a tônica das suas primeiras páginas nestes 61 anos de circulação. 

O jornal Folha da Mata, sob sua direção, o fez lido, acreditado e respeitado, num padrão seguido por seu filho Pélmio Simões de Carvalho Filho e equipe, pratica um Jornalismo independente, expressa sua opinião livre de qualquer pressão, através de suas reportagens e dos famosos textos recheados de termos eruditos e citações históricas, a marca registrada do Professor Pélmio, que não escondia neles seu vasto e notável conhecimento linguístico, e ao usar de retóricas e termos capciosos, costumava deixar alguns leitores exacerbados na interpretação de seus textos, não almejando despertar convicção, mas estimulando o pensamento e perturbando preconceitos. É autor de trabalhos inéditos como o livro "A Igreja de Paulo e o Trono de Pedro".

Pélmio, citando Jean Jacques Rousseau, que disse que “o primeiro franco é mais difícil de amealhar do que se chegar ao segundo milhão”, assim se expressou sobre a trajetória vitoriosa do Folha da Mata, num de seus editoriais: "Confesso pouco conhecer sobre francos, milhares e milhões de moedas a que se refere o filósofo do iluminismo e autor do Contrato Social, mas até me ufano de ser o único "jornaleiro" (fazedor de jornal) viçosense que com seu jornal - primeiro Folha de Viçosa, depois Jornal de Integração e, desde 1986, Folha da Mata - fundado em 20/10/63, chegou à sua edição nº 1000 em 1988 e, em 23/ 06/2007, à de nº 2000 (com a desta semana já são 3179).