Ex-aluno da UFV descobre cachorro mais antigo das Américas em pesquisa nos Estados Unidos
Biólogo formado na UFV participou do estudo que desvendou a procedência de um osso encontrado no Alasca
Na última quarta-feira, 24 de fevereiro, a Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos (EUA), publicou um importante estudo que contou com a participação do biólogo Flávio Augusto da Silva Coelho, graduado e mestre pela da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O pesquisador e ex-aluno da federal viçosense descobriu num fragmento pré-histórico de osso encontrado no Alasca, o cachorro mais antigo já encontrado no continente americano. Na foto, Flávio segura uma amostra do fragmento estudado por sua equipe.
QUEM É O PESQUISADOR
O ex-aluno da UFV foi coautor desse artigo publicado na revista Proceeding of Royal Society B e repercutido em sites importantes como Science e National Geographic. Ele é bacharel em Ciências Biológicas e mestre em Biologia Animal pela UFV.
O pesquisador, atualmente doutorando na Universidade de Buffalo, almeja descobrir os caminhos que os primeiros seres humanos traçaram para chegar ao que hoje conhecemos como o continente da América. Por isso, ele estuda a evolução de animais localizados no sudeste do Alasca a fim de encontrar evidências concretas que comprovem suas hipóteses.
"Desde que foram domesticados, os cães sempre acompanharam os seres humanos. Por isso, a presença deles é um forte indicativo da presença de nossa espécie, ajudando a entender a ocupação do planeta por nós", afirma Flávio.
Flávio afirmou que o interesse pelo tema surgiu durante a época em que estudava na UFV. "Sempre gostei de evolução. No final da graduação e no mestrado, quando também fiquei fascinado pela biogeografia, me interessei por biologia molecular. Juntei os assuntos e acrescentei a paleontologia, chegando ao que estou estudando agora.”
CONCLUSÕES DO ESTUDO
Conforme explicado no artigo, o deslocamento dos seres humanos vindos da Ásia para o Alasca e além teria ocorrido numa rota surgida no interior do território, então ocupado por duas grandes geleiras – teoria mais aceita na comunidade científica.
O que evidencia isso, de acordo com este estudo, é o fato de que os restos do que antes era o cachorro mais antigo haviam sido encontrados em uma região central dos Estados Unidos, sugerindo um percurso por dentro do continente americano.
O pesquisador Flávio explica que as análises apoiam um caminho diferente, pela costa oeste, à margem do que hoje é o Oceano Pacífico e que, na época, o "litoral" era bem distinto de como é hoje.
"A maior parte da água estava congelada nos polos, então o nível dos oceanos era muito mais baixo, algo em torno de 150 metros. Isso tornava possível andar em muitas áreas que estão atualmente submersas", concluiu Flávio.
SURGIMENTO DE NOVAS TEORIAS
A partir de materiais escavados por arqueólogos, paleontólogos e outros pesquisadores daquela região, a equipe de cientistas integrada por Flávio almeja entender as mudanças climáticas ocorridas na Era Glacial afetaram os mamíferos que habitam o Alasca.
De acordo com os pesquisadores, um desses vestígios era um fragmento de osso, encontrado na década de 1990, que era atribuído a um urso. Entretanto, com as novas análises feitas foi descoberto que o material era, na verdade, um pedaço de fêmur de um cachorro.
Possivelmente, esse cão tenha vindo da Sibéria, juntamente com nossos ancestrais. "Comparamos o DNA mitocondrial com o de outros já encontrados e identificamos um parentesco com uma linhagem proveniente da Sibéria, da qual teria se ramificado há cerca de 16.700 anos", explica Flávio.
Nesse estudo, Flávio e os demais pesquisadores reforçaram que o pedaço do fêmur não pertenceu a um cão saído da Sibéria, mas de um descendente já nascido numa região localizada na América do Norte que conhecemos hoje.
Além disso, Flávio também afirmou que da mesma forma em que o estudo esclarece sobre alguns aspectos, faz surgir outras perguntas, pois ainda não se sabe se a travessia aconteceu a pé ou em algum tipo de embarcação, por exemplo. Nem por qual razão os seres humanos vieram, mas, por enquanto, sabe-se que eles estiveram na companhia de cachorros.
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