Estudo analisa variações climáticas em Viçosa
Pela primeira vez a cidade de Viçosa vai saber se é influenciada pela malha urbana que não para de crescer, vivendo os efeitos do chamado clima urbano que sofre interferência do asfaltamento e da quantidade de prédios numa mesma região.
O que a cidade já sabe é que nos últimos anos o período de seca está mais prolongado e a estação chuvosa muito concentrada em períodos curtos. É o mesmo que vem acontecendo em toda a região da Zona da Mata mineira. O município tem duas estações meteorológicas e três pluviométricas, mas as influências da zona urbana nas variações do clima nunca haviam sido acompanhadas. O trabalho coordenado pelo professor Edson Fialho, do Laboratório de Biogeografia e Climatologia, buscou compreender a distribuição espacial da temperatura do ar no município a partir de uma comparação entre campo e cidade, em situações sazonais de verão e inverno e já rendeu diversos artigos acadêmicos ao grupo de pesquisa do Departamento de Geografia da UFV.
A conclusão é que durante o inverno as noites nas ruas do centro da cidade são mais quentes que na área rural. A diferença de temperatura média chega a mais de dois graus. Isso acontece porque onde há mais construções, os prédios fazem sombra nas ruas, mas ficam aquecidos, dissipando o calor mais tarde e aquecendo o clima mesmo quando não há mais incidência de sol. Por exemplo, no inverno, há dias em que não há nenhuma insolação durante o dia na avenida P.H Rolfs, mas as noites nesta região central da cidade são mais quentes porque a energia acumulada nas paredes dos prédios e asfalto aquece o ar e mantém o calor nas primeiras horas da noite. As ruas do centro e do bairro de Fátima são as que mais percebem essa diferença de temperatura. A região conhecida como “Coelhas”, na periferia de Viçosa, é a que esfria mais rapidamente quando a noite chega. O estudo também conclui que o clima nas áreas descobertas e com pouca vegetação na zona rural é mais quente que na urbana entre os meses de maio e agosto, quando há mais insolação e poucas nuvens no céu.
O trabalho foi feito com dados gerados por uma rede de monitoramento com termômetros espalhados por 14 pontos do município, seis deles na área urbana. Segundo o professor Edson os estudos criam uma oportunidade para começar a acompanhar estas variações e refletir sobre o futuro e a qualidade de vida da população. A conclusão é que Viçosa ainda não tem o que a geografia chama de clima urbano, mas está no caminho e isso pode não ser bom para quem mora em áreas mais concentradas.
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